quinta-feira, 28 de julho de 2016

Moncada: O início da Revolução Cubana



A Revolução Cubana começou quando os rebeldes fizeram o Assalto ao Quartel Moncada em Santiago em 26 de julho de 1953.

Na sexta-feira, dia 26 de julho, Cuba celebra o Dia da Rebeldia Nacional, a maior festa da Revolução Cubana. Neste dia, em 1953, o jovem advogado Fidel Castro e seu irmão Raul, juntamente com outros revolucionários, partiram para a ação e tentaram pegar de assalto o Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo.

O objetivo era tomar o quartel, invadir o paiol de armas e munições, distribuir fuzis pelas ruas para que a população se juntasse aos rebeldes e começasse a insurreição, que culminaria com a derrota do ditador Batista. Na época, o movimento estudantil promovia manifestações contra o governo de Fulgêncio Batista.

Às 5:15 da manhã, durante o Carnaval em Santiago de Cuba – que acontece todo final de julho –, começava o grande golpe. Nada, ou quase nada, deu certo. Um grupo, liderado por Raul Castro e integrado por dez homens, ocupou um prédio vizinho, o Palácio da Justiça. Outro, liderado por Abel Santamaria e integrado por 21 homens, ocupou o hospital militar que era outro prédio vizinho, de cujo quintal e das janelas pensava-se dar cobertura a um terceiro grupo comandado pelo líder da ação, Fidel Castro. Justamente este grupo teve problemas.

Ao aproximar-se do portão 3 do Quartel de Moncada, o Buick verde que levava Fidel Castro, disfarçado de um comandante militar, foi detido pelos soldados. Começou o tiroteio e a partir daí foi tudo rápido demais para que alguém pudesse entender exatamente o que estava acontecendo. Porém, a invasão ao paiol das armas foi frustrada.

Muitos combatentes foram capturados e assassinados. Porém, a intentona marcou o princípio do fim da ditadura de Fulgêncio Batista. Fidel Castro é julgado e condenado a 15 anos de prisão. Por ser advogado, pronuncia sua autodefesa diante do tribunal, que passou a ser conhecida como “A história me absolverá”, frase com a qual conclui sua autodefesa.

Fidel e os revolucionários sobreviventes, depois forte campanha popular, conseguiram a anistia e se exilaram no México em 1955. De lá, Fidel Castro reorganizou seus companheiros do ataque a Moncada e outros revolucionários que a eles se uniram, dentre eles o argentino Ernesto “Che” Guevara, e fundaram o Movimento Revolucionário 26 de Julho. Retornaram clandestinamente a Cuba a bordo do iate “Granma”, onde desembarcaram em 2 de dezembro de 1956. A luta armada foi retomada, desta vez na forma de guerrilha nas montanhas de Sierra Maestra. Inicia-se assim a Revolução Cubana que em 1º de janeiro de 1959 triunfaria contra Fulgêncio Batista.

Y en eso llego Fidel- Carlos Puebla https://www.youtube.com/watch?v=3C1z3MDxvtQ

Marcha del 26 de Julio / Asalto al Cuartel Moncada https://www.youtube.com/watch?v=89BIFnUF4jQ


FONTE: PCB

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Observações sobre a crise da IV Internacional


Por Rui Costa Pimenta 


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A IV Internacional foi desmantelada em 1952, dando lugar a criação de dois blocos que, posteriormente, levariam a um maior desintegração em dezenas de organizações internacionais que se reivindicariam, algumas até hoje, da “reconstrução” ou da “reorganização” ou, até mesmo, da manutenção da IV Internacional.

A raiz da ruptura foi a tentativa de revisão radical pela maioria da direção internacional encabeçada pelo seu secretário-geral, o grego Michel Raptis conhecido como Michel Pablo. Esta revisão foi resultado das pressões sociais sofridas pela esquerda pequeno-burguesa sobre a base dos acontecimentos do pós-guerra. No imediato pós-guerra, o stalinismo confirma de maneira cabal o seu caráter contrarrevolucionário conforme a caracterização de Trótski e da IV Internacional. A frente popular mundial concluída entre o governo da URSS e o imperialismo e o estrangulamento da revolução europeia na França e na Itália por esta frente popular, a traição da Revolução Grega não deixam margem a dúvidas. A adesão de Stálin, Togliatti, Maurice Thorez e de todo o aparato stalinista internacional às ilusões da democracia imperialista (o PCB, com Prestes no Brasil, é um exemplo significativo) acaba de confirmar a derrocada direitista do stalinismo e a sua conversão ao regime político burguês. Os acontecimentos de 1948, ou seja, a contraofensiva imperialista, apoiada na derrota da revolução na Europa e na política stalinista de contenção da revolução mundial, que não estava nos planos nem de Stálin e dos stalinistas, nem da inexperiente direção da IV Internacional, leva a uma reviravolta que os dirigentes da organização trotskista serão incapazes de compreender. A expulsão do PCF do governo em 1947, o início da guerra da Indochina, o Plano Marshall, o afastamento do Partido Comunista Italiano e as críticas eleições de 1949 na Itália destroem as ilusões em uma convivência harmoniosa entre as direções stalinistas, e os movimentos que dirigem, e a burguesia imperialista mundial. No Brasil, o PCB será colocado na ilegalidade pelo governo Dutra.

O stalinismo respondeu a estas agressões com uma posição defensiva, trancando-se em um zona de segurança dos países do Leste Europeu os quais havia ocupado militarmente para prevenir a derrubada revolucionária de uma burguesia em completa dissolução e expropriando ali o que restava do capital após a debandada dos capitalistas alemães. Este recuo foi seguido de uma pseudo radicalização ideológica, com a ideia de que o mundo estava dividido em blocos e de que a passava à ordem do dia a luta pela democracia, que três anos antes havia sido saudada como uma conquista definitiva. A vitória da Revolução Chinesa em 1949, em ruptura aberta com a posição contrarrevolucionária de Stálin e da cúpula da burocracia da URSS, contribuiu para acentuar ainda mais a impressão – falsa – de avanço do stalinismo em escala mundial.

O núcleo dirigente da IV Internacional, tendo como porta-voz Michel Pablo, sucumbiu completamente ao impressionismo pequeno-burguês e abandonou os princípios mais elementares do programa marxista, adotando a teoria do blocos, em detrimento do programa da luta de classes, e assimilando a ideia antimarxista de que a burocracia haveria de constituir toda uma era na história da humanidade, algo assim como uma nova etapa histórica entre o capitalismo e o socialismo.

Estas posições foram enfrentadas pela maioria da seção francesa da IV Internacional de maneira extraordinariamente lúcida, com exceção das suas conclusões políticas práticas.[1] Estas conclusões políticas, no entanto, não são compreendidas pela maioria das seções

Não foram, porém, estas posições que levaram à divisão da internacional e sim os métodos administrativos e truculentos com os quais Pablo tratou de impor suas noções às seções nacionais. Esta crise será expressiva na América Latina, onde o lugar-tenente de Pablo, o secretário latino-americano da IV Internacional, Homero Cristali, conhecido como J. Posadas, procura dominar as seções locais por meios administrativos. O resultado será a divisão da seção argentina e, ainda mais grave, o esfacelamento do Partido Obrero Boliviano em três frações, em pleno processo revolucionário em 1952.[2]

Forma-se, em consequência dos ataques às seções nacionais pela direção da IV Internacional, uma ala antipablista que compreende organizações europeias como os partidos inglês e francês, latino-americanas como as da Argentina e Bolívia, os norte-americanos do SWP de Cannon etc. que formam um Comitê Internacional em oposição à direção pablista.

A direção pablista acentua o seu curso pró-stalinista e em direção a uma dissolução nos movimentos nacionalistas. À medida em que as ilusões no stalinismo se dissipam com acontecimentos como a Revolução Húngara de 1956 e a intervenção militar russa, a direção pablista prepara uma guinada que envolverá livrar-se de Pablo e elementos mais comprometidos com a orientação anterior como Posadas.

Já o Comitê Internacional mostra-se não apenas incapaz de formular uma política alternativa coerente como também de conseguir um mínimo de unidade interna, dividido entre tendências que se dirigem à direita como o SWP e ultraesquerdistas como a LSS inglesa de Gerry Healy.

A Revolução Cubana de 1959 acentua todas essas contradições e leva à ruptura dos dois blocos e à reunificação de um novo bloco centrista agora baseado na maioria pablista sob a direção de Ernest Mandel e na ala direita do Comitê Internacional formando o que ficaria conhecido como o Secretariado Unificado da IV Internacional. Esta unificação marca o fracasso da oposição trotskista ao centrismo pablista e a consolidação de uma tendência centrista pequeno-burguesa no comando da antiga IV Internacional, liquidando completamente a organização construída em 1938. Esta organização percorrerá um trajeto de completa adaptação à política pequeno-burguesa com a adoção tática foquista pequeno-burguesa nos anos 60, com um programa nacionalista e concluirá em uma completa adaptação à voga “democrática” imperialista nos anos 80 defendendo o “socialismo com democracia”, expresso no Brasil pela organização Democracia Socialista, que se dissolve no governo de frente popular do PT e pelo PSTU que adota posições claramente pró-imperialistas e contrarrevolucionárias tanto diante da crise dos Estados Operários como da luta das nações oprimidas.

O restante do Comitê Internacional entrará em uma crise paralela de signo oposto. A organização healista recusa-se a reconhecer o caráter proletário da Revolução Cubana e, posteriormente, condenaria a Assembleia Popular da Bolívia como sendo uma frente popular. Destes debates, a fragmentação das forças que se proclamavam trotskista aumentará exponencialmente.

Em 1971, forma-se, entre a forças antipablistas remanescentes, o Comitê de Reorganização da IV Internacional – CORQI – com a Organização Comunista Internacionalista, da França, o Partido Operário Revolucionário Boliviano e a organização argentina Política Operária em uma nova tentativa de agrupamento das correntes antipablistas. Esta tentativa fracassará com a guinada abrupta da organização francesa para políticas sectárias em relação aos sindicatos latino-americanos, os quais considera como organizações não operárias, atreladas ao Estado e propõe a sua destruição e substituição por novas organizações sindicais, “livres”. A tentativa de contestar tais posições leva à utilização de métodos administrativos pela organização majoritária, provocando a expulsão da seção argentina Política Operaria e a ruptura do POR boliviano.

A polêmica, apesar dos entraves burocráticos, é instalada no interior da organização brasileira do CORQI, a OSI, e levará à expulsão sumária dos dissidentes, que, no início de 1979, de agrupam na Tendência Trotskista do Brasil, origem do Partido da Causa Operária.

As organizações que se propuseram a resgatar a IV Internacional da crise mostram-se incapazes de fazê-lo pela sua grande debilidade programática. A tendência geral que se pode discernir neste mais de meio século de crise deve ser resumida em dois fatores: os fundamentos assentados por Leon Trótski permitiram uma sobrevida aos grupos centristas que dirigiram a IV Internacional e suas organizações nacionais. No entanto, esse fato apenas retardou a evolução das tendências centrífugas e à decomposição política e ideológica destas organizações, que agora, está atingindo um ponto culminante com a sua conversão integral à política “democrática” do imperialismo mundial ou, alternativamente, à criação de grupos sectários que são a contrapartida desta primeira tendência.

Está excluída qualquer possibilidade de restauração da IV Internacional sobre a base de manobras organizativas. A IV Internacional somente pode existir sobre a base da luta pelo programa trotskista e esta luta deve ser dar em torno dos acontecimentos políticos do presente.

[1] Para uma melhor compreensão da polêmica consultar “Aonde Vamos?”, de Michel Pablo e a réplica, “Aonde vai Pablo?”, de Bleibtreu-Favre pela seção francesa.



FONTE: Revista Textos