sábado, 11 de maio de 2013

BAKUNIN, Mikhail Alexandrovich



Nasceu em 30 (?) de maio de 1814 (há dúvidas quanto à data exata) em Premujino, província de Tver, na Rússia, de uma rica família de proprietários de terra. Em 1829 ingressa na Escola de Artilharia de São Petersburgo, da qual foi expulso e transferido para um regimento, servindo na Polônia durante algum tempo. 

Aos 21 anos, por decisão sua, e sob a falsa alegação de ser portador de uma enfermidade, deixou o exército. Dedicando-se aos estudos de filosofia, sobretudo a de Fichte, Hegel e Feuerbach, estudou em Moscou e nos fins de 1840. Para continuar seus estudos no exterior, viajou para Alemanha onde freqüentou a Universidade de Berlim. Seguiu em seguida para Paris onde se aprofundou nas idéias dos jovens hegelianos e entrou em contato com as idéias francesas, especialmente Proudhon que exerceu sobre ele considerável influência.

Participou dos movimentos de 1848 e da insurreição de Dresden em 1849. Com a invasão de Dresden pelo exército prussiano, foi preso e transferido para a fortaleza de Königstein onde permaneceu nove meses. Julgado e condenado à morte pelo governo prussiano em 1850, sua pena é comutada para prisão perpétua. Transferido em 1851 para Praga é encaminhado para a fortaleza de Olmütz e novamente condenado à morte por um tribunal militar. No mesmo ano sua pena é novamente comutada, Bakunin é extraditado pelo governo czarista e transferido para a fortaleza Pedro-e-Paulo onde permanece até 1857 quando foi desterrado para Sibéria. 

Cartão de membro da Liga Internacional da Paz
e da Liberdade
Em 1858 casa-se com a filha de um comerciante, arruma um emprego como representante comercial, e numa das viagens que empreende pela Sibéria como viajante, foge com sua esposa num veleiro norte-americano para o Japão e daí para os Estados Unidos. Regressa à Europa e se estabelece em Londres nos fins de 1861. Em 1864 chega na Itália, viajando por Turim, Nápoles, Florença e organiza uma sociedade secreta, "Fraternidade Revolucionária Internacional", conseguindo adeptos não só na Itália, mas também na Inglaterra, França e Suiça.

Em 1867 as tensões entre a França e a Prússia levam ao surgimento de uma mobilização pela paz. Cria-se um comitê convocatório para a realização de um Congresso pela paz a ser realizado em Genebra, do qual fizeram parte John Stuart Mill, Giuseppe Garibaldi, Victor Hugo, Louis Blanc, Alexander Herzen, entre outros. Bakunin e sua esposa seguem para Genebra onde se integra na Liga Pela Paz e Liberdade, sendo eleito para seu comitê executivo. Em 1868, no segundo Congresso da Liga Pela Paz e Liberdade, Bakunin apresentou uma proposta pela qual a Liga deveria adotar um programa social mais amplo e revolucionário. A recusa de sua proposta resultou na saída de Bakunin da Liga e na fundação, por ele, da Aliança Internacional da Democracia Socialista.

As atividades da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), despertam em Bakunin o desejo de unir sua Aliança à AIT. Assim, sua primeira tentativa foi solicitar à AIT o ingresso da Aliança da Democracia Socialista naquela organização, o que foi recusado pelo Conselho Geral da Primeira Internacional. Diante desta recusa Bakunin resolveu dissolver a Aliança como organização internacional e orientou seus seguidores para que suas secções ingressassem nas federações nacionais e locais da AIT. Renovado o pedido nessas novas condições o Conselho Geral da Internacional decidiu aceitar as solicitações de Bakunin e seus partidários. Na Associação Internacional dos Trabalhadores deu-se o conflito entre as idéias anarquistas e as idéias de Marx, chegando Bakunin a ser expulso juntamente com alguns dos seus partidários, durante o Congresso de Haia em 1872, ano em que o Conselho Geral da AIT transfere sua sede para Nova York. No mesmo ano, Bakunin e seus seguidores fundam no Congresso de Saint-Imier uma Internacional independente, a chamada Internacional de Saint-Imier.

Gravemente adoentado, Bakunin veio falecer em Berna em 1 de julho de 1876.

O ponto principal do pensamento de Bakunin repousa na sua defesa da liberdade. Liberdade que não pode coexistir com qualquer forma de autoridade, seja ela política ou religiosa. Todo Estado, mesmo que se autodenomine Estado dos Trabalhadores, é sempre um instrumento de dominação, de tirania, exercida pelo homem contra o próprio homem. A Religião, na medida em que estabelece princípios que moldam o comportamento e os desejos de seus adeptos, faz desaparecer , da mesma forma que o Estado, qualquer sentido de liberdade. 


Manifesto redigido por Bakunin
A única maneira de organização da sociedade preservando a liberdade e sem autoritarismo, será a partir da Comuna local com base na propriedade coletiva, como unidade primária, mediante a livre associação. Essa sociedade não poderá ser edificada, a não ser extinguindo o Estado burguês, estabelecendo uma ditadura do proletariado, que deverá ser uma ditadura espontânea, de toda a classe trabalhadora, sem um grupo dirigente que exerça autoridade sobre a mesma. Por outro lado, na luta pelo estabelecimento de uma sociedade socialista, não deve haver qualquer tipo de colaboração dos revolucionários com os políticos, por mais radicais que sejam, nem com os movimentos burgueses, que nada tem a ver com o movimento revolucionário. 

Toda forma de negociação com o sistema existente e toda luta por reformas dentro desse sistema, resultará sempre no enfraquecimento dos impulsos revolucionários, que terminará submetendo o movimento operário ao capitalismo e ao Estado. A ação consciente e decidida dos homens é fundamental para liquidar o capitalismo, pois embora seu fim seja inquestionável, não ocorrerá por uma necessidade histórica, mas como resultado da capacidade criadora da classe trabalhadora.

Grande número das obras de Bakunin são artigos, cartas e folhetos escritos na imprensa revolucionária da época, que foram posteriormente organizadas para compor suas Obras Completas ou Biografias. Entre elas mencionamos: "A Reação na Alemanha" (1842); "As Condições na Rússia" (1849); "Catecismo Revolucionário" (1866); "Federalismo, Socialismo e Anti-autoritarismo" (1867); "Deus e o Estado" (1871).


(Dados compilados por Aluizio Moreira)



Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.
PETITFILS, Jean-Christian. Os socialistas utópicos. São Paulo: Circulo do Livro, s/d.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Homenagem ao Primeiro de Maio


POEMA DAS MÃOS NOBRES


J. Baudel Pessoa



Mãos que cantam com martelos
sôbre o ferro em rubro fogo
que na bigorna anunciam
a aurora de um mundo novo.
Mãos na enxada sôbre a terra
rudes mãos sôbre o tear
mãos calosas que misturam
areia, cimento e cal.
Mãos sôbre a enxó na madeira
sôbre o machado no tronco
mãos generosas que amassam
a massa do trigo branco.
Mãos rudes ao campo afeitas
que ao segar ervas impuras
por sôbre jeiras aradas
semeiam sementes rubras.
Mãos que em planícies e outeiros
reduzem longas distâncias
abrindo caminhos novos
por onde o Progresso avança.
Mãos revolucionárias
honestas que não se vendem
e depositam nas urnas
o seu voto consciente.
Mãos de Lorca e Maiakóvski
de Guillen e de Neruda
que colhem flôres sanguíneas
para o adôrno do futuro.
Mãos que levam luz ao povo
com a pena com o cinzel
com letras dos linotipos
com aquarela e pincel.
Mãos que despertam silêncios
de consciências dormidas
quais vibrantes penetrantes
trombetas apocalípticas.
Mãos que algemas despedaçam
em busca o fim do longe
para o albor de um novo dia
sôbre novos horizontes...

Sois vós ó mãos operárias
- mãos anônimas do povo -
que construís o Edifício
onde caiba um mundo novo!