quarta-feira, 1 de maio de 2013

Homenagem ao Primeiro de Maio


POEMA DAS MÃOS NOBRES


J. Baudel Pessoa



Mãos que cantam com martelos
sôbre o ferro em rubro fogo
que na bigorna anunciam
a aurora de um mundo novo.
Mãos na enxada sôbre a terra
rudes mãos sôbre o tear
mãos calosas que misturam
areia, cimento e cal.
Mãos sôbre a enxó na madeira
sôbre o machado no tronco
mãos generosas que amassam
a massa do trigo branco.
Mãos rudes ao campo afeitas
que ao segar ervas impuras
por sôbre jeiras aradas
semeiam sementes rubras.
Mãos que em planícies e outeiros
reduzem longas distâncias
abrindo caminhos novos
por onde o Progresso avança.
Mãos revolucionárias
honestas que não se vendem
e depositam nas urnas
o seu voto consciente.
Mãos de Lorca e Maiakóvski
de Guillen e de Neruda
que colhem flôres sanguíneas
para o adôrno do futuro.
Mãos que levam luz ao povo
com a pena com o cinzel
com letras dos linotipos
com aquarela e pincel.
Mãos que despertam silêncios
de consciências dormidas
quais vibrantes penetrantes
trombetas apocalípticas.
Mãos que algemas despedaçam
em busca o fim do longe
para o albor de um novo dia
sôbre novos horizontes...

Sois vós ó mãos operárias
- mãos anônimas do povo -
que construís o Edifício
onde caiba um mundo novo!

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