segunda-feira, 19 de maio de 2014

LUXEMBURGO, Rosa



Polonesa, nascida no pequeno vilarejo de Zamosc (na época integrante da Rússia czarista), em 5 de março de 1871, envolveu-se desde muito jovem em atividades estudantis, militando no partido revolucionário  “Proletariat"  na sua cidade natal e  lutando contra o sistema repressivo então vigente nos colégios da Polônia.

Em 1889 deixou a Polônia para evitar ser presa por suas atividades politicas, mudou-se para a Suíça. Estudou Ciências naturais e Economia Política na Universidade de Zurich, escrevendo sua tese de doutorado "O Desenvolvimento Industrial da Polônia" (1898).

Em 1898 emigrou para a Alemanha, se naturalizando alemã ao se casar com um trabalhador alemão, e se filiou ao Partido Social Democrata Alemão, a principal organização socialista internacional até então.

Nesse ano participa de uma das principais polêmicas do movimento operário internacional, na medida que se contrapõe aos artigos de Eduard Bernstein, produzindo um competente e atual material contra o revisionismo e o reformismo, transcrito na obra "Reforma ou Revolução". Durante o período da polêmica, Rosa afirma que de fato o movimento dos trabalhadores deveria lutar por reformas, mas que isso não bastaria para abolir as relações capitalistas de produção, pois o movimento operário jamais poderia perder de vista a conquista do poder pela revolução.

Durante os primeiros anos no início do século, quando da discussão sobre a organização dos socialistas, polemiza com Lênin sobre a organização do Partido Social-Democrata dos Trabalhadores Russos, fazendo uma contundente crítica à sua proposta, expressa no conhecido texto "Um passo adiante, dois passos atrás".

Da Revolução Russa de 1905, extrai grandes ensinamentos expostos em “Greve de Massas, Partido e Sindicato”, publicado em 1906, que se constitui até hoje numa das principais peças teóricas sobre partido e movimento de massas. Para Rosa Luxemburgo,

"A revolução russa ensina-nos assim uma coisa: é que a greve de massas nem é 'fabricada' artificialmente nem 'decidida' ou 'difundida' no éter imaterial e abstrato, é tão-somente um fenômeno histórico, resultante, em certo momento, de uma situação social a partir de uma necessidade histórica".

Durante a primeira guerra mundial, Rosa Luxemburgo liderou as posições contrárias ao envolvimento da classe trabalhadora nesse conflito, esclarecendo seu caráter imperialista e portanto, se opondo a qualquer participação operária nessa guerra do capital. Quando em 4 de agosto de 1914 a bancada do  Partido Social-Democrata (seu partido) votou a favor dos créditos de guerra, Rosa Luxemburgo disparou uma bateria de ataques à direção do partido que resultou  na publicação do texto "A Crise da Social-Democracia", também conhecido como "O Folheto Junius", publicado em 1915.

Em 1916, forma juntamente com Karl Liebknecht, dentro do Partido Social Democrata no qual militava, o núcleo de esquerda – a “Liga Spartacus” -  que se orientará por um programa elaborado por ela, conhecido como “ Princípios Diretores”.
  
Seu posicionamento contra a guerra, culminou com sua prisão da qual só será libertada em 1918.

No período em que esteve presa, Rosa Luxemburgo, continuou com suas atividades intelectuais e políticas:  escreveu as obras, "A Revolução Russa" (publicada postumamente) e “Introdução à Economia Política” (que deixou inacabada), e manteve sua articulação com o núcleo de esquerda (a “Liga Spartacus”), o que trouxe como conseqüência, não só sua expulsão como a expulsão  de todo o grupo “espartaquista” do Partido, além de outros grupos de oposição. São esses grupos, com a participação da “Liga Spartakus”, que fundarão o Partido Social Democrata Independente” (PSDI).

Em novembro de 1918, Rosa Luxemburgo é posta em liberdade. Com a decisão do PSDI de participar do governo, a Liga decide-se pela fundação, em dezembro desse mesmo ano,  do Partido Comunista da Alemanha, que diante da situação de grande mobilização popular que ocorre no país (amplas greves, levantes na Marinha de Guerra, insurreições operárias, confraternização dos soldados alemães com o Exército Russo, crescimento e fortalecimento dos conselhos de operários e soldados), se posiciona em favor da luta pela revolução socialista.

Em 15 de janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo foi brutalmente retirada, juntamente com o companheiro Karl Liebknecht, do "aparelho" em que se mantinha clandestina e assassinada por paramilitares a serviço do governo social-democrata alemão.

Rosa Luxemburgo nos deixou as seguintes obras: “Reforma ou Revolução?” - 1899; "A Questão da Organização da Social-Democracia Russa" – 1904; “O Socialismo e as Igrejas” - 1905; "Greve de Massas, Partido e Sindicato" – 1906; “A Questão Nacional e a Autonomia” - 1908; “Acumulação do Capital” – 1913; “A Crise da Social-Democracia” (“Panfleto de Junius”) - 1915.


(Dados compilados por Aluizio Moreira)



Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.

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