Por Aluizio Moreira
Em agosto de 2011, postamos em nosso blog (WWW.aluiziomoreira.blogspot.com.br), um pequeno trecho com algumas considerações, acerca de Conhecimento e Ideologia.
Num determinado ponto afirmávamos:
a ideologia pode exercer, e de fato exerce, o papel de manipuladora e legitimadora de certas formas de comportamento que deve ser praticado ou não pelo cidadão, desde que se adéqüe aos interesses dos donos do poder. Para se manter a dominação é necessário fazer crer a existência da coesão social, e a ausência de contradições e de conflitos.
Resgatamos o assunto, pela insistência dos que fazem o Governo (a presidente inclusive) de propagandear desde 2011, que “somos um país de classe média”, afirmativa que só podemos admitir, como uma das formas de se falsear a realidade, objetivando faturar dividendos políticos.
Não se trata só de demonstrar a inconsistência em se aceitar incluir como classe média, uma família que aufere uma “renda” mínima per capita de R$ 291,00 quando qualquer cidadão mesmo desletrado sabe que esse valor não é suficiente para adquirir uma cesta básica mensal (cerca de R$ 300,00), quanto mais arcar com outras despesas como conta de água, luz, transporte, aluguel, vestuário. Sejamos realistas: R$ 291,00 não é suficiente nem para despesas com a sobrevivência individual.
Uma outra sutileza do Governo e seus ideólogos, é fazer crer que mais da metade da população brasileira pertence a essa “nova classe média”. Assim a base da estrutura sócio-econômica brasileira não é mais o proletariado urbano e rural portanto, adeus luta de classes! Ou então deixamos de ser um pais capitalista, pois é difícil admitir um modo capitalista de produção, cuja base do sistema tenha se desproletarizado.
Fabián Echegaray, fundador da catarinense Market Analysis, em entrevista à Revista “Amanhã”, é incisivo: “Em qualquer país do mundo, uma pessoa nessa situação seria considerada menos que classe baixa, estaria na linha de pobreza. Não existe classe média que esteja na linha da pobreza”.
Assim no Brasil dos últimos anos, ao contrário da tendência histórica do sistema capitalista, não foi a classe média que proletarizou-se, foi o proletariado que migrou para a classe média.
Fantástico!
Fantástico!
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(*) O titulo desta postagem, não tem qualquer conotação direta com a obra de ANDRE GORZ “Adeus ao proletariado: para alem do socialismo”, na qual aquele autor analisa o desaparecimento do proletariado como classe, uma vez superado o capitalismo. Ver: GORZ, Andre. Adeus ao proletariado: para alem do socialismo”. Tradução: Angela Ramalho Vianna e Sergio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
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