domingo, 19 de abril de 2015

A revolução deu à luz o socialismo


Por Oscar Sánchez Serra*


Em 16 abril de 1961 o povo de Fidel apoiou a proposta de construção de uma revolução socialista. O nosso sistema político e social agora chega a seus 54 anos como a única garantia de se manter livre e independente.
                        

                            Raul Corrales
Em 16 de abril de 1961 o povo de Fidel apoiou a proposta de construção de uma revolução socialista.

"... Para mim, a paixão me sai dos poros quando da Revolução se trata." A frase fez o sangue nos correr mais rápido, pois o coração inchou com orgulho e pulsou com a força daquela expressão. Cuba falou na manhã do dia 11 de abril, na voz de Raul, que é a de Fidel e seu povo, justo a 120 anos que Martí pisou na terra de seu nascimento para iniciar a Guerra Necessária.

O mundo inteiro estava assistindo naquele dia da VII Cimeira das Américas, o momento histórico em que a maior das Antilhas foi ouvida em sua estréia neste cenário. As expectativas foram precedidas pelo anúncio de 17 de dezembro de 2014, que acordou com a notícia do acordo para avançar o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos. E, pouco depois das 10 e 55 da manhã, lhe saiu a frase do peito para entregá-la a todo o continente, que o sentimento de lealdade para com a revolução que deu origem ao nosso socialismo, também em abril, faz 54 anos.

Como resultado da escalada imperialista em sua agressão contra este pequeno país do Caribe, que tinha passado por queima de canaviais, centenas de violações do seu espaço aéreo, ataques piratas a refinarias, e a preparação e organização de exércitos mercenários pelos Estados Unidos, em 15 de abril de 1961, um bombardeio aéreo traiçoeiro e covarde em Havana, San Antonio de los Baños e Santiago de Cuba, deixou sem vida a jovens inocentes.

Na manhã seguinte, na despedida das vítimas do repugnante crime, Fidel disse: "... não podem perdoar-nos, que estejamos aí sob seus narizes e que tenhamos feito uma  revolução socialista sob o próprio nariz dos EUA" .

E acrescentava: "Companheiros operários e camponeses, esta é a Revolução socialista e democrática dos humildes, com humildes e para os humildes. E para essa revolução dos humildes, pelos humildes e para os humildes, estamos dispostos a dar a vida. "

No dia seguinte, veio a invasão preparada, organizada e financiada pelos Estados Unidos pela Praia Giron, ao sul da província de Matanzas, e em menos de 72 horas, o povo, defendendo seu socialismo, derrotou o invasor para causar ao imperialismo sua primeira grande derrota na América.

O socialismo também é ouvido na Cúpula das Américas, onde o chefe da delegação cubana falou em aperfeiçoá-lo mediante o desenvolvimento da atualização do modelo econômico, cujo objetivo "é consolidar as conquistas de uma revolução que se propôs conquistar toda a justiça para nosso povo." Assim, Fidel também havia se expressado em 16 de abril de 1961: "O crime de ontem, no entanto, foi o crime de exploradores imperialistas contra um povo que quer se livrar da exploração, contra um povo que quer implantar a justiça".

A plena participação dos cidadãos na vida política e social; acesso à saúde e educação de graça, sistema de segurança social que não deixa ninguém desamparado, enfrentamento resoluto de todas as formas de discriminação, igualdade de oportunidades, o respeito aos direitos das crianças e das mulheres, ampla participação no esporte e na cultura e o direito à vida e à segurança pública, são as faces desta justiça conquistada.

É também uma expressão de solidariedade com os povos do mundo. Mais de 65.000 cubanos oferecer sua contribuição em 89 países, principalmente nas áreas da medicina e da educação, enquanto já se formaram na Maior das Antilhas 68.000 profissionais e técnicos de 157 nações.

Se as bombas grávidas da morte, de abril 1961, deram vida ao socialismo e sua defesa, as ameaças de uma caça às bruxas em Cuba, assentada em um documento espúrio de 20 de maio de 2002, assinado pelo presidente dos Estados Uni dos, George W. Bush, fizeram com que o povo reagisse contra o prelúdio da invasão por Girón, quando Fidel perguntou: "Os trabalhadores e camponeses, homens e mulheres humildes da Pátria juram defender até a última gota de sangue à Revolução dos humildes, pelos humildes e para os humildes? A resposta foi um sim retumbante.


Em 2002, entre 15 e 18 de junho, mais de nove milhões de cubanos pediram que o socialismo fosse irrevogável e esse mandato fez com que a Constituição da República alterasse os artigos 3, 11 e 137. No primeiro deles é aditado o seguinte parágrafo: "O Socialismo e o sistema político e social revolucionário estabelecido nesta Constituição, comprovada por anos de heróica resistência contra as agressões de todos os tipos e da guerra econômica dos governos da mais poderosa potência imperialista que tem existido, e havendo demonstrado a sua capacidade de transformar o país e criar uma sociedade inteiramente nova e justa, é irrevogável e Cuba nunca voltará ao capitalismo".

Razão tinha o General do Exército ao expressar, em recém-concluída Cúpula das Américas no Panamá, que "a perseguição traz mais revolução, a história o demonstra..."

Mas essa irreversibilidade aprovada na Carta Magna não é sinônimo de imobilismo, porque viver em Revolução pressupõe movimento constante e desenvolvimento e, no dizer do próprio Fidel, ela significa o senso do momento histórico. Hoje, a irrevogabilidade do socialismo passa por torná-lo eficiente, como ficou provado ser um jogo justo; para não confundir o igualitarismo da igualdade de oportunidades; por não temer as discrepâncias, as quais, como já disse o companheiro Raúl, sempre serão mais desejáveis à falsa unanimidade baseada na simulação e no oportunismo.

Para tornar verdadeiramente irrevogável nosso sistema, é que  tem desenhado as medidas que emanam da atualização do modelo econômico, através da aplicação do Alinhamentos aprovados no VI Congresso do Partido. No entanto, neste decisivo caminho para o futuro da nação, o exemplo tem que ser uma ciência do socialismo.

Nítida prova deste exemplo deixou-nos saber Raul em 18 de dezembro de 2010, no encerramento da Sexta Sessão Ordinária da Sétima Legislatura da Assembléia Nacional do Poder Popular, nos dizendo que "nós não nos achamos mais inteligentes ou capazes que ninguém, nem nada desse estilo, mas estamos convencidos de que temos o dever fundamental de corrigir os erros que cometemos nessas cinco décadas de construção do Socialismo em Cuba, e nesse propósito, vamos utilizar todas as energias que nos restam, que, felizmente, não são poucas".

É, sem abrir mão desses princípios, que hoje a Cuba socialista é capaz de sentar-se em igualdade de condições para discutir qualquer assunto com os EUA, respeitando as diferenças, algumas delas substanciais, mas propondo cooperar nos pontos comuns, contribuindo para a paz, que é um dos atributos do socialismo, que, neste pedaço da geografia do Caribe atinge os seus 54 anos, como única garantia para permanecer sendo livres e independentes.



*Treinador de esgrima escolar feminina, Oscar Sánchez Serra é jornalista há 20 anos em Cuba, desde a Tribuna de La Habana e Bastión, este último das Forças Armadas Revolucionárias. Em 1990 se incorporou à redação desportiva do Granma, e em 2001 ganhou o Prêmio Nacional de Jornalismo Desportivo. Atualmente é diretor do Granma Internacional.


oscar@granma.cu

Traduzido por Cezar Xavier


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