domingo, 30 de outubro de 2016

Problemas da construção do socialismo [Parte 1]


Por Alberto Anaya Gutiérrez, Alfonso Ríos Vázquez, Arturo López Cándido, José Roa Rosas [*]



Congresso Primeira Internacional 1864
Desde o seu aparecimento como teoria e prática política, o socialismo esteve sempre em debate. As revoluções socialistas em diferentes países ao longo do século XX forneceram os temas essenciais da formulação concreta dos projectos e da avaliação das experiências realizadas, algumas das quais seguem o seu curso com perspectivas promissoras.

Há mais de três lustros do dramático derrube do chamado "socialismo real" na Europa Oriental e na URSS e, em contraste, perante o surpreendente avanço do "socialismo ao estilo chinês" e da recuperação económica e social dos projectos socialistas no Vietname, em Cuba e na Coreia do Norte, a discussão sobre as perspectivas do socialismo voltam a colocar-se no primeiro plano da política mundial.

O capitalismo deu já provas contundentes da sua incapacidade para enfrentar e resolver os principais problemas da humanidade, e além disso é este mesmo sistema a fonte primordial de muitos desses problemas. No último quarto de século, a sua variante neoliberal cavou um abismo entre as potências capitalistas e os países pobres e em vias de desenvolvimento. Também reconcentrou a riqueza em algumas poucas centenas de gigantescas corporações transnacionais, enquanto dois terços da população do planeta sobrevive apenas com rendimentos de dois dólares norte-americanos, ou menos, por dia.

Por outro lado, o domínio do capital financeiro acumulou uma força capaz de sacudir e mesmo fazer entrar em colapso economias nacionais inteiras, como evidenciaram as crises financeiras do México em 1994-1995, do leste asiático em 1997, do Brasil em 1998 e da Argentina em 2000, e gerou condições que poderiam propiciar uma crise económica mundial, com efeitos semelhantes ou ainda mais graves que a grande crise de 1929-1933. Como se fosse ainda pouco, o capitalismo neoliberal acrescentou a tudo isto o consumo irracional dos recursos naturais do planeta, colocando a humanidade à beira de uma catástrofe ecológica.

Tudo isto torna insustentável a continuidade do sistema capitalista, e mais ainda da sua modalidade neoliberal, como horizonte de vida para a maioria dos povos do mundo. Existe hoje uma maior e mais clara consciência desta situação - que se vê agudizada pelos novos desenvolvimentos de hostilidade, ameaças e agressões directas por parte do imperialismo estadunidense, com o pretexto da "guerra contra o terrorismo" —, pelo que nos anos recentes vimos ressurgir movimentos sociais de massas e forças políticas de esquerda e centro-esquerda, que em simultâneo com as reivindicações sociais contemporâneas — emprego, salários, saúde, educação, habitação, direitos humanos, igualdade de género, direitos das minorias, protecção do ambiente, entre outros - delinearam directamente processos de convergência social e política para lutar pelo poder de Estado, e num número crescente de casos alcançaram a vitória.

Prosseguindo nessa via, a América Latina e o Caribe têm vindo a virar à esquerda ao longo dos últimos dez anos. O capitalismo neoliberal fracassou e está esgotado como modelo económico, social e político, e neste quadro vigorosas frentes sociais e políticas de esquerda e centro-esquerda chegaram em vários casos aos governos nacionais, com o compromisso de colocar no centro das suas políticas a agenda social, recuperar o crescimento e redistribuir mais equitativamente a riqueza, assim como de criar e alargar os serviços sociais básicos para a população mais necessitada e para o conjunto da sociedade. Neste sentido, propuseram-se de igual modo construir um grande bloco latino-americano e caribenho para congregar esforços e defender os seus interesses face ao poder e à voracidade do imperialismo estadunidense. 

O dilema destes processos e de muitos outros em diversas regiões do planeta, que em um momento ou outro vai ser preciso resolver, é o de saber se prosseguem na pesadíssima via do capitalismo ou se enveredam pela alternativa do socialismo adaptado às condições de cada país.

Por tudo o que fica dito, a presente comunicação tem o propósito de partilhar as nossas reflexões em torno dos problemas da construção do socialismo. 

1 - SOBRE O CONCEITO DE SOCIALISMO

Desde as suas origens nas primeiras décadas do século XIX, o pensamento e os movimentos sócio-políticos socialistas não se colocaram apenas objectivos puramente económicos, mas se propuseram a criação de um novo tipo de sociedade. Em palavras de Gramsci, um século depois, "uma nova civilização"; e para Che Guevara, depois do triunfo da Revolução Cubana, a criação do "homem novo".

O socialismo utópico

No decurso dos últimos dois séculos, foram formulados diversos conceitos de socialismo. Nas condições históricas de um ainda incipiente desenvolvimento do capitalismo e da luta de classes entre a burguesia e o proletariado, os "socialistas utópicos" (Saint-Simon, Fourier, Owen, entre os mais destacados) atacaram todas as bases da sociedade existente e, apelando ao conjunto da sociedade e sobretudo às classes privilegiadas, postularam para a substituir, sociedades ideais futuras, cujas principais características seriam: a supressão das diferenças entre a cidade e o campo, a abolição da família, do lucro privado e do trabalho assalariado, a proclamação da harmonia social e a transformação do Estado em simples administrador da produção. Na opinião de Marx, estas "fantásticas” descrições da "sociedade futura" tiveram o grande mérito de servir como primeiros materiais para instruir os operários, além de antecipar a eliminação do antagonismo de classes numa época em que esse antagonismo começava apenas a esboçar-se.

Ideias centrais de Marx sobre o socialismo

Karl Marx e Friedrich Engels reconheceram o enorme mérito destes socialistas ao terem animado as primeiras lutas dos trabalhadores e ao empenharem-se na busca da utopia, de uma sociedade onde prevaleceriam a igualdade, a liberdade e a fraternidade. Mas também mostraram que o carácter utópico dos seus projectos derivava do facto de não serem fundamentados na compreensão objectiva do modo de produção capitalista. A esta tarefa dedicou Marx mais de metade da sua vida. Engels acompanhou-o intelectual e politicamente. Em O Capital, Marx expôs as leis de funcionamento do capitalismo que, por sua vez, sustentaram a sua concepção das tendências futuras da humanidade. Os dois pensadores não formularam um "modelo" acabado da futura sociedade comunista, mas legaram-nos um esquema básico da nova sociedade cujo advento previam, principalmente em A Ideologia Alemã, no Manifesto do Partido Comunista, na Crítica do Programa de Gotha e no Anti-Dühring. 

Para Marx e Engels, o desenvolvimento do capitalismo conduziria à luta irreconciliável entre a burguesia e o proletariado. O mais provável era que a revolução proletária viesse a ter lugar nos países capitalistas mais avançados. A revolução dependia, portanto, do amadurecimento de condições objectivas e da vontade consciente e da acção política do proletariado. A revolução não Ievaria directamente à sociedade propriamente comunista. A sua construção seria um processo de duas fases sucessivas.

Na fase socialista teriam lugar a extinção das classes e do Estado, a conversão da exploração burguesa na associação livre e igualitária dos trabalhadores, o desaparecimento da oposição trabalho manual - trabalho intelectual e campo - cidade. O culminar deste processo representaria a passagem à segunda e superior etapa do comunismo. Na fase superior comunista, o trabalho não seria já um meio de vida, mas sim a primeira necessidade vital; o desenvolvimento sem entraves das forças produtivas criaria abundante riqueza social, garantindo o livre e pleno desenvolvimento de todos e de cada um dos seres humanos. O triunfo da revolução proletária, assim como a passagem pela fase socialista e o advento final do comunismo era concebido por Marx e Engels como resultado da mais firme e consequente cooperação e solidariedade do proletariado internacional.

Marx considerava a possibilidade de que a revolução tivesse êxito na atrasada Rússia, mas na condição de que a comuna rural fosse a base de uma organização superior da sociedade e de que essa revolução fosse o sinal para a revolução na Europa. Lénine e os bolcheviques tomaram o poder, esperando que tal previsão se cumprisse. Não foi assim. A revolução russa abriu então uma via que se afastava das previsões de Marx e Engels sobre a revolução proletária. 

A obra teórica e a actividade política de Marx e de Engels e dos primeiros marxistas, inspiraram a formação e o desenvolvimento dos partidos políticos da classe trabalhadora durante a segunda metade do século XIX, os quais concentraram a sua atenção no desenvolvimento económico do capitalismo e na organização da classe operária como uma força política própria. Havia diferenças entre eles mas não grandes desentendimentos, até que no quadro do desenvolvimento capitalista de finais daquele século e nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial, se deu a divisão sem retorno da social-democracia europeia. Dela derivaram duas concepções do socialismo e da estratégia para o alcançar, que projectaram a sua influência até aos nossos dias: por um lado, a que Lenine e os bolcheviques representavam; e por outro, a defendida pela maioria dos partidos da Segunda Internacional influenciados pelos social-democratas austro-alemães como Bernstein, Kautsky, Hilferding, Bauer e outros.

O socialismo para a social-democracia europeia

Durante as últimas duas décadas do século XIX, a social-democracia austríaca e sobretudo a alemã, converteram-se em poderosos partidos de massas. Com a sua acção política organizativa e parlamentar, promoveram uma forma característica de vida para milhões de trabalhadores, que foi descrita como "um Estado dentro do Estado", e cujo traço distintivo consistiu em conseguir uma melhoria relativa do nível de vida, mediante reformas legislativas paulatinas e lentas. Era o resultado do que os seus líderes denominavam a "velha táctica provada", ou seja, a participação eleitoral para ganhar mais lugares (no parlamento burguês - N.T.) e assim introduzir reformas na legislação burguesa. O efeito deste processo traduziu-se na prática da revisão da teoria marxista, na qual se concebeu o socialismo mais como o resultado de um processo gradual de reconstrução económica e social, que como uma transformação revolucionária. Posto em outros termos, mediante tais reformas graduais, o capitalismo se transformaria em socialismo em algum ponto indeterminado do futuro.

Em termos gerais, esta concepção foi mantida peIa social-democracia europeia até que se deu a viragem definitiva entre o seu Congresso de refundação de 1951, realizado em Frankfurt, o Congresso do Partido Social-democrata Alemão de 1959 em Bad Godesber, e o seu Congresso Internacional de Oslo, em 1962. Do primeiro derivará a consideração central de que "já não se tratava de acabar com o capitalismo" porque este já tinha sido "domesticado", já era "outra coisa", segundo Willy Brandt. Do que se tratava era de inserir na economia, a partir do Estado, do governo, doses de planificação, de investimento estatal, de estímulos ao consumo e da distribuição menos injusta da riqueza, principalmente. No segundo abandonava-se "oficialmente" o marxismo, o que se reflectiu em três mudanças essenciais: proclamou-se a ética cristã, o humanismo e a filosofia clássica como fundamentos ideológicos do "socialismo democrático"; em lugar de ser um partido da classe operária, a social-democracia passava a ser um partido do povo; aceitava-se o sistema de livre empresa, mas deviam fazer-se reformas para o racionalizar e melhorar os seus efeitos sociais. Finalmente, no terceiro Congresso mencionado, postulava-se que o futuro não pertencia "nem ao comunismo nem ao capitalismo", mas sim ao que desde fins dos anos oitenta se enuncia abertamente como "terceira via" e que é actualmente a linha seguida peIa social-democracia internacional.

O socialismo em Lenine

Lenine formulou o problema assim: "A guerra imperialista trouxe os povos dependentes para a história universal. E uma das nossas principais tarefas consiste agora em reflectir como podemos colocar a primeira pedra para a organização do movimento dos sovietes nos países não capitalistas. Os sovietes são ali possíveis. Não serão sovietes de trabalhadores, mas sovietes de camponeses ou de artesãos". "A questão é: l. podemos considerar acertada a afirmação de que os povos atrasados, que agora se libertam (...), terão de percorrer necessariamente a etapa de desenvolvimento capitalista da economia? A esta pergunta respondemos com um não." ("Segundo Congresso da lII Internacional, 1920"). Qual poderia ser então o tipo de sociedade que neste caso ocuparia o lugar da "etapa de desenvolvimento capitalista da economia? A resposta de Lenine era: a sociedade socialista. Seguindo os escritos de Marx, Lenine concebia o socialismo como a sociedade que acaba de sair das entranhas do capitalismo e que Marx chamou "fase inferior da sociedade comunista".

Para Lenine, o primeiro elo da cadeia era a revolução proletária vitoriosa. O primeiro requisito para ser uma verdadeira revolução socialista, consistia em romper a "máquina estatal existente" e não limitar-se simplesmente a apoderar-se dela. Devia igualmente abarcar tanto o proletariado como os camponeses, já que ambas as classes estão unidas pelo facto de que a máquina burocrático-militar do Estado burguês as oprime. Considerava que a transição de uma sociedade capitalista que se desenvolve no sentido do comunismo é impossível sem um período político de transição, e neste período o Estado não podia ser outro senão a Ditadura do Proletariado. Entre as transformações económicos que deviam ter lugar no início do período de transição, destacava: a transformação da propriedade privada capitalista sobre os meios de produção em propriedade social, a nacionalização dos bancos e monopólios capitalistas (açúcar, petróleo, carvão, aço, etc.), assim como a abolição do segredo comercial e o cancelamento de todas as dívidas do Estado; de seguida, reorganizar a grande produção partindo do que havia já sido criado pelo capitalismo, mas aproveitando a própria experiência operária e estabelecendo uma disciplina rigorosa, apoiada no poder estatal dos operários armados. Este começo, baseado na grande produção, conduziria por si mesmo à extinção gradual da burocracia e à criação de uma ordem que não se pareceria em nada com a escravatura assalariada; uma ordem em que as funções de inspecção e contabilidade, cada vez mais simplificadas, seriam executadas por todos e no futuro desapareceriam como funções especiais. 

No plano político, a máquina estatal destruída deve ser substituída pela mais completa democracia, que representa uma transformação gigantesca de umas instituições por outras de tipo completamente diverso. Isto implica a supressão e substituição do exército permanente e da polícia, assim como das instituições especiais manipuladas por minorias privilegiadas, no pressuposto de que as suas funções podem ser directamente desempenhadas pela maioria da sociedade e pela milícia popular armada. Quanto mais todo o povo intervier na execução das funções próprias do Poder de Estado, tanto menor será a necessidade desse poder, pelo que tenderá a desaparecer. Dever-se-ia instaurar a completa elegibilidade e amovibilidade de todos os funcionários, assim como a redução dos seus salários ao nível do "salário do operário". Para Lenine, a cultura capitalista tinha já conseguido que a grande maioria das funções do Estado estivessem sumamente simplificadas, pelo que podiam reduzir-se a simples operações de registo, contabilidade e controlo, funções totalmente acessíveis a todos os que soubessem ler e escrever. Quanto às instituições representativas e de elegibilidade, tinham que se transformar de lugares de charlatanice em verdadeiras instâncias de trabalho, simultaneamente legislativo e executivo. Estas simples medidas democráticas, ao mesmo tempo que unificam os interesses de operários e camponeses, são a ponte que conduz do capitalismo ao socialismo, mas só adquirem pleno sentido e importância com a transformação da propriedade capitalista dos meios de produção em propriedade social. Segundo Lenine, esse era o Estado que se requeria e a base económica sobre que devia assentar, na transição do capitalismo ao socialismo.

Lenine retomava literalmente Marx para descrever a fase que se seguiria à consolidação da ditadura do proletariado, a fase propriamente socialista. Nela, os meios de produção deixam de ser propriedade privada de uns quantos e passam a pertencer a toda a sociedade; do trabalho realizado por todos os membros da sociedade aptos a trabalhar, desconta-se um fundo de reserva, outro fundo para repor os meios de produção gastos e para ampliar a escala da produção, e um fundo social para os gastos de administração, escolas, hospitalar, asilos, etc.; uma vez deduzidos estes fundos, cada operário recebe em serviços o que entrega à sociedade, além de um certificado que confirma ter o operário realizado tal ou qual quantidade de trabalho pelo qual recebe dos armazéns sociais os artigos de consumo correspondentes.

A crise do regime czarista, o débil desenvolvimento do capitalismo russo e a guerra imperialista criaram as condições para que os bolcheviques tomassem o poder. Rosa Luxemburgo, que sempre manteve uma particular confiança na criatividade e disposição de luta das massas, celebrou o acontecimento e reconheceu as difíceis condições em que teria de desenvolver-se a primeira revolução proletária vitoriosa. Mas, desde os primeiros anos do século XX, em que travou um combate sem tréguas contra a ala direita da social-democracia alemã e austríaca, e a crítica à organização leninista, foi amadurecendo as ideias que a levaram a assinalar que na Rússia não se estava construindo a ditadura do proletariado, mas sim a ditadura do partido. Em 1918, Rosa Luxemburgo teve o mérito de ser a primeira revolucionária marxista a fazer ver que as coisas não caminhavam bem nos começos da experiência socialista. Uma década depois, Leon Trotsky — que em 1917 havia aderido às proposições programáticas e estratégicas de Lenine — elaborou no seu livro A revolução traída, a crítica à degenerescência burocrática do Estado soviético, o "Estado operário degenerado". Para Trostsky, o estalinismo era a encarnação dos interesses da nova casta burocrática nas condições de isolamento da revolução e do cansaço e debilidade do proletariado russo.

O socialismo para Mao Tsetung e Deng Xiaoping

Retomando criativamente as teses de Lenine do início da "crise geral do capitalismo" com a guerra mundial imperialista e a Revolução Russa, vinte anos mais tarde, Mao Tsetung formula a teoria da Revolução da Nova Democracia que seria a primeira fase da revolução proletária — revolução democrático-burguesa conduzida pelo proletariado —, a que se seguiria outra fase propriamente socialista nos países coloniais e semi-coloniais, e que seria acompanhada por revoluções socialistas nos países capitalistas desenvolvidos, num processo de "desmembramento" progressivo do sistema capitalista mundial.

Para Mao, as características da primeira etapa da transição socialista, a etapa onde se estabelece a "sociedade de nova democracia", seriam:

1- Uma sociedade com traços diferentes das repúblicas capitalistas europeias e estadunidense que se apoiam na ditadura da burguesia, mas também diferente da república socialista de estilo soviético de ditadura do proletariado. 

2- Uma sociedade sob a ditadura conjunta de todas as classes revolucionárias do país dirigidas pelo proletariado, em que o proletariado, o campesinato, os intelectuais e a pequena burguesia constituem uma força política independente sob a direcção do Partido Comunista.

3- Uma forma de Estado de transição que deve ser adoptada em países coloniais e semi-coloniais.

4- Apresenta traços característicos do centralismo democrático, com um sistema de assembleias populares a nível nacional, provincial, distrital e cantonal, baseado no sufrágio universal para eleger os respectivos governos, expressar a vontade do povo e facilitar a direcção da luta revolucionária.

5- Como sistema económico, os grandes bancos, as grandes empresas industriais e comerciais, e as grandes extensões dos latifundiários devem ser propriedade do Estado, tendo como objectivo que o capital privado não possa dominar a vida material do povo.

6- O sector estatal da economia será de carácter socialista e constituirá a força dirigente em toda a economia nacional.

7- O Estado não confiscará o resto da propriedade privada capitalista nem proibirá o desenvolvimento daquela produção capitalista que não possa dominar a vida material do povo, já que o atraso da China necessita desta produção. 

No início da década de 1960, Mao planeou dar por concluída a etapa de Nova Democracia e dar início à etapa propriamente socialista. A China entrou num período de estagnação e só depois da morte de Mao adoptou as reformas que a estão Ievando a converter-se numa potência económica mundial. Consideramos que este último processo se identifica mais na teoria com o que Mao expôs como sendo a etapa de Nova Democracia.

A República Popular da China foi muito mais além das ideias e previsões de Mao. Neste sentido, o contributo fundamental foi dado por Deng Xiaoping. Desde finais dos anos setenta e até à sua morte, Deng foi o grande estratega da modernização do "socialismo ao estilo chinês". Os seus principais pressupostos são os seguintes:

1- Utilizar o genuíno pensamento de Mao Tsetung, tomado na sua integridade, para dirigir o Partido, o Exército e o Povo, e fazer avançar a causa do socialismo na China e a causa do movimento comunista internacional. 

2- Adoptar e Ievar a cabo as Quatro Modernizações, sobre a base do enorme entusiasmo da nossa gente, nos sólidos fundamentos materiais e nos nossos enormes recursos, além da introdução da tecnologia avançada hoje existente no mundo.

3- Superar a situação de pobreza na China, para que uma vez realizadas as Quatro Modernizações, as suas obrigações proletárias internacionais e as suas contribuições para a Humanidade, e especialmente para o terceiro mundo, possam ser maiores.

4- Os princípios e objectivos das Quatro Modernizações foram formulados pelos camaradas Mao Tsetung e Zhou Enlai. A tarefa política mais significativa para a China é o sucesso das Quatro Modernizações. A modernização representa uma nova grande revolução. O objectivo desta revolução é libertar e ampliar as forças produtivas. Sem ampliar as forças produtivas, tornando o nosso país mais próspero e desenvolvido, melhorando os níveis de vida do povo, a nossa revolução é apenas conversa fiada.

5- No entanto, não desejamos o capitalismo, mas também não desejamos ser pobres sob o socialismo. Cremos que o socialismo é superior ao capitalismo. Esta superioridade deve ser demonstrada pelo facto de que o socialismo proporciona condições mais favoráveis ao desenvolvimento das forças produtivas do que o capitalismo.

6- Gozamos de quatro condições favoráveis para atingir a meta da modernização: primeiro, o entusiasmo, a iniciativa, a inteligência e a sabedoria do povo chinês; segundo, recursos naturais abundantes; terceiro, nos passados 30 anos lançamos os fundamentos materiais preliminares para o desenvolvimento da indústria, da agricultura, da ciência e da tecnologia; e quarto, devemos prosseguir a política correcta de abertura ao mundo exterior.

7- Seria impossível alcançar os nossos objectivos sem a cooperação internacional. Devemos fazer um amplo uso da ciência avançada e dos progressos tecnológicos universais, assim como do potencial financeiro exterior, de modo que possamos acelerar as Quatro Modernizações. Esta oportunidade não existiu para nós no passado. Temos vivido um período culminante recente, em que aprendemos a utilizar esta oportunidade.

8- Não existe contradição fundamental entre o socialismo e uma economia de mercado. O problema consiste no modo de desenvolver as forças produtivas com mais eficácia. Tínhamos uma economia planificada, mas com o passar dos anos, a nossa experiência provou que ter uma economia totalmente planificada é, até certo ponto, um obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas. Se combinamos uma economia planificada com uma economia de mercado, estaremos numa posição melhor para libertar as forças produtivas e para acelerar o desenvolvimento económico.

9- Para finalizar a análise, a superioridade do socialismo deve demonstrar-se por um maior desenvolvimento das forças produtivas. Está agora claro que o caminho correcto é a abertura ao mundo exterior, combinar uma economia planificada com uma economia de mercado e introduzir reformas estruturais. lsto opõe-se aos princípios do socialismo? Não, porque no decurso da reforma asseguraremos duas condições: primeira, que o sector público da economia seja sempre predominante; e segunda, que ao desenvolver a economia procuramos a prosperidade comum, tentando evitar sempre a polarização.

10- As políticas de utilização de fundos estrangeiros, permitindo que o sector privado se amplie não debilitarão a posição predominante do sector público, que é uma característica básica da economia na sua totalidade.

11- Por que insistem sempre alguns que o mercado é capitalista e somente a planificação é socialista? Na realidade ambos são meios para desenvolver as forças produtivas, sempre e quando respondam a esse propósito. Se servem ao socialismo são socialistas; se servem ao capitalismo são capitalistas.

12- Para alcançar a independência política genuína, um país deve levantar-se da pobreza. E para o fazer deve assentar as suas políticas económica e externa nas suas próprias condições. Não deve levantar barreiras para se isolar do resto do mundo. A experiência da China demonstra que um país isolado em si mesmo é já em si uma desvantagem. Se deseja transformar-se deve abrir-se ao mundo exterior e proceder a reformas no país. Estas devem incluir a reforma da estrutura política, que se situa no reino da super-estrutura. A política aberta que a China vem prosseguindo actualmente é correcta e beneficiou grandemente o país. E vamos prosseguir nessa direcção. Porque temos uma grande capacidade para a assimilação e porque temos políticas correctas, incluso se aparecerem alguns fenómenos negativos, estes não poderão afectar os fundamentos do nosso sistema socialista.

13- Educar o povo nos quatro princípios cardinais proporcionará uma garantia fundamental para o progresso são da nossa causa. Estes quatro princípios cardinaissão: manter o rumo socialista, manter a ditadura democrática do povo, manter a direcção do Partido Comunista e manter o marxismo-Ieninismo e o pensamento de Mao Tsetung.

O socialismo e o homem novo no pensamento de Che Guevara

Che Guevara assinala que na Crítica do Programa de Gotha, Marx coloca o tema do socialismo em termos de um processo puro. Para o Che, obrigado a reflectir no quadro da Revolução Cubana, o socialismo deve entender-se como uma nova fase que denomina o primeiro período de transição da construção do comunismo. a qual transcorre no meio de violentas lutas de classe e contendo elementos de capitalismo no seu seio, e para cuja superação, devem Ievar-se a cabo dois processos fundamentais da construção socialista: a formação do homem novo e o desenvolvimento da técnica.

Para o Che, o homem novo é um ideal não acabado que vai nascendo com a construção do socialismo e que, portanto, nunca estará completo, já que representa um processo paralelo ao desenvolvimento das forças produtivas e à construção das novas formas económicas. Por isso, é essencial escolher correctamente o instrumento de mobilização das massas. Para o Che, esse instrumento deve ser de índole fundamentalmente moral, sem esquecer a correcta utilização do estímulo material, sobretudo de natureza social. O importante é que, neste processo, o homem vá adquirindo cada dia maior consciência da necessidade da sua participação no desenvolvimento da sociedade, e de seguir a sua vanguarda constituída pelo partido, que por sua vez deve caminhar em estreita comunhão com as massas. Quanto à técnica, o Che considerava que muito estava por fazer, mas que já não se tratava de avançar às cegas, mas sim de seguir em boa parte o caminho andado pelos países mais adiantados e depois gerar a técnica própria, o desenvolvimento das próprias forças produtivas.

O Che explicava que quando a revolução tomou o poder em Cuba, tanto no sector industrial como no sector agro-pecuário, a política seguida foi orientada para a solução dos dois problemas económicos principais: o desemprego e a falta de divisas. Como complemento se desenvolveram medidas revolucionárias redistribuidoras da riqueza produzida, assim como uma política proteccionista contra a importação de bens que pudessem ser elaborados em Cuba. O desemprego foi eliminado, incrementou-se notavelmente o mercado nacional e então os esforços principais se orientaram para a diversificação, para auto-abastecimento de produtos agrícolas e pecuários, o que colocou a economia agrícola em sérias dificuldades pela quebra na produção de açúcar, o principal produto de exportação e houve que redefinir a estratégia produtiva agrícola.

De acordo com a concepção e experiência concreta do Che, no socialismo aparece um sujeito multifacetado com caracteres nítidos – as massas – que participa activamente na vida social, económica e política do país, sempre que exista uma conexão estruturada entre o Estado e estas, apoiada pela sensibilidade e pela intuição dos dirigentes. As massas seguem a sua vanguarda, avançam em estreita conexão e têm a vista posta no futuro e na recompensa de uma nova sociedade, onde o importante não é o homem individual, mas sim o colectivo. A direcção do processo tem que caminhar mais depressa, abrindo caminhos, mas sem se afastar das massas, apoiando-se nelas e animando-as a seguir o seu exemplo.

Na mesma orientação teórica de Marx e Lenine, o Che concebe o poder político na construção do socialismo como a ditadura do proletariado. Para levar a cabo correctamente esta construção, considera que também se requerem instituições revolucionárias que funcionem como um conjunto harmónico de canais, degraus e aparelhos bem oleados, que permitam a tomada de consciência peIas massas, que atribua o prémio ou o castigo no cumprimento ou incumprimento das tarefas, e que facilite a selecção dos indivíduos destinados a constituir a vanguarda.

No ideal socialista do Che, o trabalho deve adquirir uma nova condição, a mercadoria-homem deixa de existir e instala-se um sistema que atribui uma quota pelo cumprimento do dever social, os meios de produção pertencem à sociedade e a máquina é apenas a trincheira onde se cumpre o dever. Isto já não contribuiria para o trabalhador dar uma parte do seu ser em forma de força de trabalho vendida, que já não lhe pertence, antes significa uma emanação de si mesmo, um contributo conscientemente voluntário para a vida em comum que se reflecte no cumprimento do seu dever. O Che considerava que na construção do socialismo devia fazer-se todo o possível por dar ao trabalho esta nova categoria de dever social e uni-lo ao desenvolvimento da técnica, o que teria como consequência o aparecimento de condições para uma maior liberdade. Neste sentido, o Che reiterava a tese marxista de que o homem alcança realmente a sua plena condição humana quando produz sem a compulsão da necessidade física de se vender como mercadoria. 

***As teorias de Lenine e de Mao, com as contribuições de Estaline e de muitos outros teóricos e dirigentes revolucionários, estiveram na origem dos processos revolucionários e das experiências socialistas desde a década de 1930 até ao derrube do bloco euro-soviético.

Apesar da variedade dos conceitos de socialismo, tem sido comum a todos eles a fundamental importância dada à economia na configuração da vida social em geral, tal e como expôs Marx ao sustentar que o "modo de produção não deveria considerar-se simplesmente como a reprodução da existência física dos indivíduos. É mais uma forma concreta de actividade destes indivíduos, uma maneira concreta de expressar as suas vivências, um modo de vida concreto". Deste modo, a essência do projecto socialista nas suas diversas versões foi sempre a transformação da propriedade privada em propriedade social, que Marx enuncia como a "sociedade de produtores associados" ou "modo de produção associado". 


[*] Responsáveis do Partido do Trabalho (México).   Comunicação apresentada no X Seminário "Os partidos e uma nova sociedade", Cidade do México, 17-19 de Março de 2006. 

Tradução de Carlos Coutinho.

FONTE:  Resistir.info



Nota do blog Mundo do Socialismo: Mantivemos a grafia do texto fonte


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Frei Beto: ‘Todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber’



“Todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber; todo verdadeiro comunista é um cristão sem o crer”. Assim respondeu Frei Betto, quando perguntado em uma entrevista se ele se considerava um comunista. Esse é o pensamento do escritor, jornalista e religioso dominicano, autor de mais de 60 livros, que nasceu em 25 de agosto de 1944.

Filho dos escritores e jornalistas Antonio Carlos Vieira Christo e Maria Stella Libanio Christo, Carlos Alberto Libânio Christo ficou conhecido como Frei Betto quando se tornou frade dominicano em 1966. No convento estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia Paralelamente aos seus afazeres religiosos, Começou a atuar como jornalista na revista Realidade e no jornal Folha da Tarde, órgãos de esquerda que desafiavam a censura da ditadura militar.

Os frades dominicanos participavam da resistência à ditadura, formando um grupo de apoio aos militantes da ALN (Ação Libertadora Nacional) comandada por Carlos Marighella. O próprio Frei Betto explica que a tradição de participação dos dominicanos na luta política vem do tempo em que os dominicanos franceses e italianos lutaram junto com os comunistas contra os nazistas na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.

“Estive várias vezes com Marighella. É um herói da história do nosso país. Tínhamos plena consciência das possíveis consequências. Tínhamos 20 anos na década de 1960, éramos uma geração viciada em utopia. Quanto mais utopia, menos drogas… O que não dá é viver sem sonhos”, afirmou.

Foi preso político de 1969 até 1973. “Fui torturado fisicamente na primeira prisão, em junho de 1964. Na segunda, em novembro de 1969, livrei-me da tortura física graças à intervenção do general Campos Christo, irmão de meu pai. Porém, assisti a torturas de outros presos e sofri torturas psicológicas, nos vários presídios por onde passei”. Todo esse sofrimento, Frei Betto relatou em alguns livros como “Cartas da Prisão”, “Diário de Fernando”, e “Batismo de Sangue”, onde descreve os bastidores do regime militar, a participação dos dominicanos na resistência, a morte de Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito.

Frei Betto recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos como o de Cuba, coordenando projetos sociais e pastorais, e o brasileiro, onde ocupou a função de assessor especial do presidente Luis Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010, coordenando também a mobilização social do programa Fome Zero.

Em 1983, ganhou o Prêmio Jabuti, com o livro “Batismo de Sangue”, com o qual ganhou renome nacional e internacional e foi adaptado para o cinema, em 2006, pelo diretor Helvecio Ratton.

Defensor da Teologia dqa Libertação, Frei Betto atualmente colabora com vários jornais e revistas de todo o Brasil, assessora movimentos pastorais e sociais e convive com personagens importantes da história política e cultural brasileira. É amigo pessoal do ex-presidente Lula, do compositor Chico Buarque, do líder Fidel Castro, entre muitos outros.

Via Liderança do PT na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro


sábado, 15 de outubro de 2016

A vigência da crítica leninista acerca da “via parlamentar” ao socialismo


Posições do KKE [Partido Comunista da Grécia]  na 10ª Conferência Anual “V.I.Lenin e o mundo contemporâneo”, que ocorreu em 22 de abril de 2016, em Leningrado

A história inteira do movimento político operário, desde o século XIX até a nossa era, possui como campo fundamental de contradição a maneira segundo a qual se pode construir a sociedade sem classes.

Nesta trajetória, apareceram duas opiniões básicas: a opinião oportunista da possibilidade da reforma do estado, da “tomada” do estado burguês e de seu uso a favor do socialismo e a opinião revolucionária, que fala sobre a necessidade do “esmagamento” do estado burguês. Lenin, em sua época, colocou a linha de divisão entre as duas opiniões assim: “Marxista se chama aquele que estende o reconhecimento da luta de classes até o reconhecimento da ditadura do proletariado” [1].

O debate indicado acima é a reflexão da contraposição acerca do estado burguês e a democracia burguesa. Os oportunistas entendem o estado burguês – particularmente na forma da democracia burguesa parlamentar – como um estado que condensa a correlação entre as várias classes sociais, essencialmente como um estado “que supera as classes”, um estado que expressa a vontade dos membros da sociedade burguesa, de maneira democrática, independentemente das classes sociais a que pertencem. Partindo desta concepção, os oportunistas se aproximam da democracia burguesa – a forma democrática do estado burguês – como se fosse algo positivo que se poderia usar a favor do socialismo. Ao contrário, os marxistas se inteiram do caráter de classe do estado burguês independentemente da imensa variedade que possa ter em suas formas de aparência no transcurso do tempo histórico. Entendem a democracia burguesa como uma das várias formas da ditadura do capital e, para ser mais preciso, como a forma “mais segura” da defesa da “onipotência da riqueza”, como escrevia Lenin em Estado e Revolução.

A oposição para o denominador comum entre a democracia burguesa e o fascismo foi historicamente ratificada por meio da troca entre administrações fascistas e parlamentares a favor da estabilização do poder burguês sob as condições turbulentas nos campos econômicos e políticos da sociedade. Os exemplos mais típicos são o estado alemão durante o período entre as duas guerras mundiais e, em nosso próprio país, o caminho da democracia burguesa à ditadura de Metaxas, em 1936, implantada com o apoio quase unânime do parlamento burguês.

A experiência histórica demonstrou – sem lugar para dúvidas – que a entrega dos ministérios do estado burguês às mãos dos comunistas não ajuda para que sejam usados a favor do socialismo. Pelo contrário, funciona como um elemento de aceleração da assimilação dos Partidos Comunistas no sistema burguês. Exemplos históricos disso podem ser observados na participação ou na sustentação de PCs em governos burgueses na Espanha, França, Itália, Chile e também em nossos tempos em países da América Latina, no Chipre, em Portugal, etc.. Outro exemplo importante é a participação do KKE no governo de “unidade nacional”, em 1944, e o acordo dos ministros comunistas – ante o perigo da dissolução deste governo – com os cortes salariais e demissões. Em todos estes exemplos históricos, a participação dos comunistas ou seu apoio a governos burgueses nunca funcionou a favor do socialismo.

A defesa da “via parlamentar” pelo socialismo não se apresenta sempre de maneira explícita. Muitas vezes se esconde por trás da elaboração de vários Programas de Transição, os quais aceitam a possibilidade de participação em um governo no terreno da propriedade capitalista e do estado capitalista a favor de melhorias para a vida dos trabalhadores e do aprofundamento da vontade revolucionária das massas populares. Esta análise nega essencialmente as leis econômicas do capitalismo (opinando que o PC poderia administrar estas mesmas leis a favor do povo) e também o caráter de classe do estado burguês (porque apresenta a “tomada” do estado como meio para sua derrubada).

As opiniões que indicamos acima estão em plena contradição com a análise teórica de Marx, Engels, Lenin acerca do estado. A maneira segundo a qual Lenin explica a necessidade do “esmagamento” do estado burguês em Estado e Revolução se remete a um exemplo clássico. Esta análise de Lenin é resultado proveniente da aprovação da estratégia da revolução socialista pelo Partido dos Bolcheviques com a ratificação das Teses de abril. Lenin aplicou as conclusões desta obra não só nas palavras, mas na prática, repudiando com tenacidade os chamados fortes – alguns de dentro do Partido dos Bolcheviques – acerca da participação no Governo Provisório (que naquela época foi considerado como o governo mais democrático de toda Europa) e fazendo uma preparação de todo o partido, orientando para a derrubada do próprio governo.

Com o transcurso dos anos, esta mesma análise estratégica – ratificada pela vitoriosa Revolução de Outubro – não se manteve ao passo do tempo. O Movimento Comunista Internacional (MCI) foi dominado por concepções estratégicas anteriores que portaram de maneira mecânica (em condições totalmente diferentes) a elaboração estratégica antiga da “ditadura democrática do proletariado e do campesinato”. As opiniões acerca da possibilidade de uma transição parlamentar ao socialismo se consolidaram com o passar do tempo em uma corrente distinta nas fileiras do MCI, a corrente do Eurocomunismo, dominando os partidos de estados capitalistas grandes (França, Itália, Espanha) com consequências graves para o movimento operário. Posições essenciais da corrente do Eurocomunismo se manifestaram na análise do MCI inteiro. Hoje em dia se acumulou experiência histórica importante das tentativas de utilizar a participação em uma gestão no terreno da propriedade capitalista a favor do socialismo.

O ano de 2017 marca os 100 anos da escrita da obra Estado e Revolução de Lenin. Este aniversário deve ser utilizado para recordar – como disse ele em sua obra – as “palavras esquecidas do marxismo” (e do leninismo, complementamos nós) acerca do assunto do Estado. Os PCs devem lutar pelo agrupamento de forças para a destruição do estado burguês e pela construção da economia socialista-comunista e das instituições estatais correspondentes, têm que repudiar a gestão da economia capitalista e do estado burguês. Dito em outras palavras, devemos transformar as conclusões do Estado e Revolução em uma guia para nossa atividade de dia a dia.

[1] V. I. Lenin, Estado y Revolución, ed. Sinchroni Epochi, pp.43


Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

CRONOLOGIA DO SOCIALISMO E COMUNISMO – SÉCULO XX 

(Compilada por Aluizio Moreira)


A historia não pode ser reduzida a um amontoado de datas, que ordenamos como se elas por si sós, substituíssem as interpretações dos fatos. Mas por outro lado, a história soe acontecer num determinado espaço e num determinado tempo. Ou seja, espaço e tempo são duas categorias sem as quais a história não existiria. Objetivando identificar alguns fatos relacionados ao socialismo e comunismo, a fim de melhor poder nos situarmos no tempo, tentamos organizar esta cronologia. É bem possível que algumas datas importantes não constem desta nossa relação, por algum motivo alheio à nossa vontade. O leitor pode colaborar para minimizar as omissões.

O SÉCULO XX

1900
#Realizou-se o Congresso de Paris da Segunda Internacional. Foram criados por ocasião desse Congresso um Secretariado Internacional com sede em Bruxelas, um Escritório Socialista Internacional e uma Comissão Interparlamentar. Além das discussões sobre as ameaças de guerra que pairavam sobre a humanidade e sobre a questão nacional, esteve na pauta desse Congresso a questão da participação dos socialistas nos governos burgueses.

#Foi fundado na Inglaterra o Labour Party (Partido Trabalhista) que se transformou rapidamente num partido de massa. De tendência reformista, o Labour Party congregou a maioria dos sindicatos ingleses, a Federação Social-Democrata e a Sociedade Fabiana.

1901
#Fundado o Partido Socialista dos Estados Unidos.

1903
#Fundado o Partido Social-Democrata Finlandês.

1904
#Realizou-se o Congresso de Amsterdam da Segunda Internacional. A questão nacional discutida no Congresso de Paris em 1900, voltou a ser debatida em Amsterdam. Sobre essa questão conflitaram duas tendências: a) a de Hyndmann, Brake e Bronckere, que condenava o colonialismo, denunciando-o como produto do imperialismo, b) a de Vankoz, Tarbouriech e Bernstein que admitia o colonialismo como fato inevitável.

1907
- Realizou-se o Congresso de Stuttgart da Segunda Internacional. Aprovou-se Resolução formulada por Lênin, Martov e Rosa Luxemburgo, segundo a qual as classes trabalhadoras e seus representantes parlamentares se obrigariam a impedir a eclosão de guerra. Por outro lado, segundo a mesma Resolução, se ainda assim irrompesse a guerra, caberia aqueles trabalhadores e seus representantes, aproveitando-se da crise econômica, acelerar a eliminação d capitalismo. A questão nacional e colonial volta a ser discutida, ganhando grande dimensão em conseqüência das lutas antiimperialistas que na época marcaram a Ásia e África.

#Fundação em Stuttagart da Internacional Socialista de Mulheres (ISM), para a qual compareceram 58 delegadas de diversos países.

1910
#Realizou-se o Congresso de Copenhague da Segunda Internacional. Diante da iminência da guerra Vaillant e Hardie, sindicalistas franceses, propuseram a decretação de uma greve geral, sobretudo nas indústrias que forneciam instrumentos para a guerra. Essa proposta foi adiada para ser discutida no próximo congresso, marcado para 1914, que não aconteceu.

#Ocorreu no dia 8 de março a IIa. Conferência Internacional de Mulheres Socialistas que aconteceu em Copenhague. Nessa Conferência, evocando o assassinato de operárias de uma indústria têxtil dos Estados Unidos, ocorrido em 8 de março de 1857, quando reivindicavam redução de jornada de trabalho, licença maternidade e melhores condições de trabalho, aprovaram instituir o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

1912
#Realizou-se nos dias 24 e 25 de novembro o Congresso de Basiléia da Segunda Internacional, considerado o último Congresso da Segunda Internacional. Foi convocado como Congresso Extraordinário pela gravidade da situação internacional que ameaçava a Europa. Lênin propôs que se deveria transformar a guerra imperialista numa guerra civil revolucionária.No dia 25 de novembro.  Elaborou-se o Manifesto de Basiléia que alertava os povos contra o perigo iminente de uma guerra, denunciando os propósitos espoliativos e conclamando os operários de todos os países a conduzirem uma luta decidida pela Paz. Na prática os socialistas não cumpriram as propostas do Manifesto e se colocaram ao lado de seus governos, quando finamente a guerra eclodiu dois meses depois.

1915
#Foi realizada na Suiça a Conferência de Zimmerwald, que reuniu os socialistas russos (Lênin, Trotsky, Zinoviev e Radek), alemães ( Ledebour e Hoffmann), franceses ( Blanc, Brizon e Loriot), italiano (Modigliani), búlgaro (Rakovski), além de representantes do movimento socialista de alguns países membros. Nessa Conferência denunciou-se o caráter imperialista da guerra, a "traição" dos socialistas ligados à extinta Segunda Internacional que aderiram ao conflito mundial. A Conferência de Zimmerwald marcou a formação do chamado movimento de Zimmerwald, que pretendia reorganizar a Internacional. O grupo de Zimmerwald promoveu ainda a Conferência de Kienthal (1916), a Conferência de Estocolmo (1917) e a Conferência de Berna (1919)

1916
#Em Kiental, na Suiça, no mês de abril, aconteceu a Conferência de Kiental que conclamou os trabalhadores dos países beligerantes a lutarem pelo fim da guerra.

1917
#Em outubro a Revolução Bolchevique Russa sob a liderança de V.I.Lênin e do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), instaura o regime socialista naquele país.

#Fundado na Alemanha o Partido Social-Democrata Independente (USPD), aglutinando ex-membros de várias tendências (Bernstein, Kautsky, Dittmann e Haase), expulsos do Partido Social-Democrata Alemão (SPD). Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht em torno da Liga Spartacus , representarão uma das tendências dentro do USPD.

#Constituição do Partido Social-Democrata da Suécia que aderiu à I.C. em 1921

1918
#Nos fins de dezembro, teve início uma Revolução Socialista na Alemanha sob a liderança de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. O movimento iniciou-se em algumas cidades litorâneas, estendendo-se por várias cidades do interior, culminando com a criação de conselhos operários e soldados. Os revolucionários chegaram a tomar Berlim, mas a repressão do governo fez abortar o movimento. Muitos participantes do movimento foram sumariamente executados.

#Em fins de janeiro eclodiu a Revolução Proletária na Finlândia. Contra-revolucionários contando com a de tropas alemães, conseguiram sufocar a República Socialista da Finlândia.

#Surgimento do Partido Socialista Internacional da Argentina, que em fins de 1920 mudou seu nome para Partido Comunista da Argentina.

#Formação de Partidos Comunistas na Finlândia, Áustria, Holanda, Hungria e Alemanha. 

1919
#Realizou-se a Conferência Socialista de Lucarna. Propunha a reconstituição da II.ª Internacional (a de 1889). Nessa Conferência se protestou contra o sistema dos Tratados de Paris e contra as campanhas intervencionistas na URSS.

#Ocorreu em fevereiro a Conferência Socialista de Berna. Como a Conferência de Lucarna, a Conferência de Berna também objetivava reconstituir a II.ª Internacional. Teve a participação de Partidos Socialistas antes ligados à ex-II.ª Internacional. Nessa Conferência organizou-se a Internacional Socialista, chamada por Lênin "Internacional de Direita", "Internacional Amarela", criada com a participação de alguns Partidos Socialistas da Europa Ocidental, deixando de existir em 1914.

#Conhecida como Internacional Comunista (I.C.), Komintern ou Terceira Internacional, foi criada no Congresso que realizou-se em Moscou de 2 a 6 de março. Deixou de existir em 1943. Promoveu, a partir do seu Congresso de fundação, os seguintes Congressos, todos realizados em Moscou: II Congresso (1920), III Congresso (1921), IV Congresso (1922), V Congresso (1924), VI Congresso (1928), VII Congresso (1935).

#São assassinados pelas forças repressivas alemães, Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Leo Jogiches, após o fracasso da Revolução socialista por eles liderada nos fins do ano anterior.

#Ocorreu a Revolução Proletária na Hungria em 21 de março instituindo a República Socialista Federativa dos Conselhos. Essa experiência húngara durou até agosto deste ano.

#Formação da Internacional Juvenil com a realização do seu I Congresso Internacional ocorrido em Berlim, no mês de novembro. Participaram 20 delegados de 13 países. A Internacional Juvenil foi organizada como seção da I.C.

1920
#A Conferência Socialista de Genebra, foi uma tentativa de reconstituir a II.ª Internacional. Ocorreu sem a participação dos Partidos Comunistas da Alemanha, Áustria, Suíça, Itália, França, Noruega e Espanha. Alguns desses Partidos socialistas aderiram à Internacional Comunista.

#Formação de Partidos Comunistas da Iugoslávia, Estados Unidos, México, Dinamarca, Indonésia, Irã, Turquia, Uruguai e Austrália.

#Em julho realizou-se em Moscou a Conferência Internacional de Mulheres Trabalhadoras promovida pela I.C. Participaram 21 delegadas representando 16 países.

#Realizou-se em Moscou o II Congresso da Internacional Comunista (III Internacional). Iniciado em 19 de julho em Petrogrado, transferiu-se para Moscou prosseguindo de 23 de julho a 7 de agosto de 1920. Participaram do Congresso 217 delegados representando 67 organizações de 37 países.

 #Instalação em Moscou, no mês de julho, o I Congresso Internacional dos Sindicatos Revolucionários. Esse Congresso deliberou criar uma organização sindical internacional sob o nome de Organização Internacional Sindical Vermelha.

 #Realizou-se em Moscou de 9 a 15 de junho o III Congresso Internacional das Mulheres Comunistas. Participaram 82 delegadas de 28 países.

#Nos Estados Unidos, durante uma manifestação operária, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, dois anarquistas italianos são presos acusados pela morte de duas pessoas durante as manifestações. Embora não houvesse provas contra os dois italianos, foram julgados e apesar de inocentados por testemunhas, foram condenados à morte e executados.

1921
#Dirigida pelo Partido Revolucionário Popular, a Revolução Comunista na Mongólia estabeleceu o socialismo naquele país, sob a denominação de República Popular da Mongólia. A Mongólia foi o segundo país no mundo , após a Rússia, a adotar o socialismo.

#Fundada na Conferência de Viena ocorrida em fevereiro de 1921 a Internacional Socialista de Viena, também conhecida como Associação Internacional dos Partidos Socialistas ou Internacional II 1/2, que reuniu vários Partidos e Grupos socialistas que se separaram da IIa. Internacional. Se opôs à Internacional de Berna.

#Instituição na URSS da Nova Economia Política (NEP). Como forma de reerguer  a economia e solucionar os problemas advindos da crise social, Lênin apresentou a Nova Política Econômica (NEP), que apesar de forte oposição, pois alguns bolcheviques temiam que esse projeto reintroduzisse o capitalismo na Rússia. E não era para menos. Consistindo num planejamento estatal da economia, a NEP combinava os princípios socialistas com elementos do capitalismo: estímulo à pequena manufatura privada, incentivo ao comércio e à livre venda dos produtos no mercado consumidor e investimento de capital estrangeiro. Após grandes discussões, a NEP foi finalmente  implantada vigorando até 1927. 

#Realizou-se em Moscou o III Congresso da Internacional Comunista, iniciado em 22 de junho. Participaram representantes de 48 países, 28 uniões juvenis e outras organizações num total de 605 delegados.

#Constituiu-se em Berlim no mês de agosto, o Comitê Estrangeiro para a Organização da Ajuda aos Famintos da Rússia, sob a presidência de Clara Zetkin. Integravam esse Comitê A. Einstein, M. A. Nexö, Bernard Shaw, Anatole France e H. Barbusse.

1922
#Realizou-se em Berlim o Congresso Internacional Anarquista, conhecido como Congresso Socialista Revolucionário. Adotou o nome de Associação Internacional de Trabalhadores, que não deve ser confundida com a AIT fundada em 1864.

#Formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

#Ocorreu em Moscou 30 de novembro a 05 de dezembro, o IV Congresso da Internacional Comunista. Participaram 408 delegados de 58 Partidos Comunistas e outras organizações operárias. Neste Congresso o recém-fundado PCB envia representante a Moscou a fim de filiar-se à Internacional Comunista. A solicitação é negada, por ser o PCB considerado uma agremiação influenciada pelo anarquismo.

#Realizou-se nos dias 25 a 27 de março um Congresso na sede da União Operária do Rio de Janeiro, que fora acertado desde fevereiro desse mesmo ano por iniciativa do Grupo Comunista de Porto Alegre em contato com o Grupo Comunista do Rio de Janeiro. Outros Grupos Comunistas existentes no país - de Recife, de São Paulo, de Cruzeiro (SP), de Niterói - foram convocados para o Congresso que fundaria o Partido Comunista do Brasil (PCB). Entre os delegados que participaram da fundação do PCB, estavam Astrojildo Pereira, Cristiano Cordeiro, João da Costa Pimenta, José Elias da Silva, Joaquim Barbosa, Luis Peres, Hermogenio Silva, Abílio de Nequette, Manuel Cendon. 
Da pauta constava a discussão dos seguintes temas: *Exame das 21 condições para admissão na Internacional Comunista, *Estatutos do Partido, Eleição da Comissão Executiva Central, *Medidas em benefício dos flagelados russos do Volga. 
A Comissão Executiva Central ficou constituída por Abílio de Nequette, Astrojildo Pereira, Antonio Bernardo Canellas, Luis Peres, Antonio Gomes Cruz Junior; como suplentes foram escolhidos Cristiano Cordeiro, Rodolfo Coutinho, Antonio de Carvalho, Joaquim Barbosa e Manuel Cendon. 
O jornal Movimento Comunista, fundado pelo Grupo Comunista do Rio de Janeiro, após a fundação do PCB passou a ser órgão oficial do novo partido.
O Diário Oficial da União de 07.04.1922 publicou o registro e os Estatutos do Partido. Embora registrado oficialmente, o PCB passou a maior parte de sua existência proibido pelos sucessivos governos brasileiros, de ter vida legal. 
  
1923
#Fundada nesse ano a Internacional Socialista, considerada reorganizadora da II.ª Internacional (a de 1889). Sobreviveu até o ano de 1940.

#Aconteceu em Hamburgo a realização do Congresso da Internacional Trabalhista e Socialista.

#Fundada a Internacional Operária e Socialista pela união da Internacional Socialista de Berna e Internacional Socialista de Viena.

#Ocorreu em setembro na Bulgária, em setembro, uma insurreição popular liderada pelos comunistas contra o avanço do fascismo naquele país. Essa insurreição foi reprimida e derrotada pelas forças da reação.

#Surgimento dentro do Partido Comunista Bolchevique Russo do movimento Oposição de Esquerda sob a liderança de Trotsky.

1924
#Iniciou-se em 17 de junho em Moscou o V Congresso da Internacional Comunista. Participaram 504 delegados de 49 Partidos Comunistas e Operários e 10 organizações internacionais (entre elas Organização Internacional de Sindicatos Vermelhos, Internacional Comunista Juvenil, Socorro Operário Internacional). Neste Congresso o PCB é aceito como filiado à Internacional Comunista.

1925
#Realizado em Marselha o Congresso da Internacional Trabalhista e Socialista.

 #Formação do Partido Comunista de Cuba.

#Formação do Partido Comunista da Coreia.

#Formação do Partido Comunista da Índia.

1926
#Realizou-se em fevereiro em Berlim uma Conferência Anti-Imperialista da qual participaram organizações progressistas de vários países, com a proposta de lutar contra a opressão colonial e pela unidade do movimento de libertação nacional. Decidiu-se nessa Conferência, convocar um Congresso Internacional que se realizaria em Bruxelas em 1927.

1927
#São executados nos Estados Unidos, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, anarquistas italianos presos por assassinato, embora inocentados por várias testemunhas.

#Aconteceu em Bruxelas, no mês de fevereiro, o Congresso Internacional Anti-Imperialista que contou com a participação de 152 delegados de 37 países, congregando organizações políticas de esquerda, organizações sindicais e intelectuais de países capitalistas. Foi criada na ocasião uma organização internacional com o nome de Liga Anti-Imperialista Internacional. Nesse Congresso se condenou a presença imperialista na China, Índia e Síria e se exortou todos os povos a lutar pela completa libertação nacional dos povos oprimidos, pela autodeterminação de todas as nações, pela igualdade de direitos de todas as raças e indivíduos.

#Neste ano, o criador do Exercito Vermelho que desempenhou fundamental importância para a vitória da Revolução Russa de 1917, León TROSKY, foi expulso do Partido Comunista da União Soviética, num processo movido por Stalin,que atingiu dezenas de comunistas na Russia.

1928
#Realizou-se em Bruxelas o Congresso da Internacional Trabalhista e Socialista.

#Implantação na URSS, após a ascensão de Stálin ao poder, da política de Planificação Econômica que substituiu a NEP.

#Ocorreu de 17 de julho a 1 de setembro em Moscou, o VI Congresso da Internacional Comunista. Participaram 532 delegados de 57 partidos e 9 organizações internacionais.

1929
#Realizou-se em Buenos Aires (Argentina) de 1 a 12 de junho a I Conferência dos Partidos Comunistas Latino-Americanos. Estavam presentes 38 delegados dos Partidos Comunistas da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru, Salvador, Uruguai e Venezuela.

#León Trotsky foi expulso da Russia, exilando-se em vários países antes de se fixar no México 

1934
#Aconteceu em Moscou a II Conferência dos Partidos Comunistas Latino-Americanos. Nessa Conferência foi lançada por George Dimitrov a tática da formação dasFrentes Populares. Participaram como delegados do PCB, Miranda, Prestes, Caetano Machado e Fernando Lacerda.

1935
#Realizou-se em Moscou o VII Congresso da Internacional Comunista. Foi o último Congresso da I.C.

#Em novembro deflagrava a insurreição comunista  ocorrida em Natal, Recife e Rio Janeiro, articulada pelo PCB com a formação da frente antifascista Aliança Nacional Libertadora (ANL), cujo presidente de honra fora Luis Carlos Prestes.

1938
#Fundada por Leon Trotsky a IV Internacional, numa Conferência realizada em 03.09.1938. Entre os 12 participantes dessa Conferência, registrou-se a presença de um delegado brasileiro representando a América Latina: Mário Pedrosa, membro do Partido Operário Leninista (POL).

1940
#Em agosto deste ano, foi assassinado a golpes de machado em Coyocan, no México, Leon Davidovitch Trotsky, fundador da IV Internacional.    

1943
#A III.ª Internacional (a Internacional Comunista) foi considerada extinta no dia 13 de maio, numa reunião do Presidium do Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC) da qual participaram Georgi Dimitrov, Dimitri Manuilski, Wilhelm Pieck, Maurice Thorez, Andre Marty, Johann Koplenig e Vasil Kolarov, membros do Presidium;  Dolores Ibárruri, Matias Rakosi, Walter Ulbricht, Jean Sverma e Friedrich Wolf, membros efetivos e suplentes do CEIC;  Anna Pauker (PC Romeno), Vlasov (PC da Iugoslávia) e I. Lehtinin (PC da Finlândia)

#Ano que marca a vitória das tropas soviéticas na Batalha de Stalingrado contra as forças armadas nazistas que tinham ocupado militarmente a Rússia desde 1941. Este fato é considerado pelos historiadores como o inicio da derrota definitiva aos nazistas na Segunda Guerra Mundial.

#Aconteceu em Londres a Conferência Internacional dos Partidos Social-Democratas.

1945
#É estabelecido o regime comunista na Iugoslávia sob a liderança de Josip Broz "Tito", no processo de luta de resistência às tropas do exército nazista alemão.

1946
#Aconteceu em Paris a Conferência Internacional dos Partidos Social-Democratas.

#É proclamada a República Popular da Bulgária sob regime socialista. Georgi Dimitrov, líder comunista, assume o poder no país.

#É proclamada a República Popular da Albânia, sob o regime socialista.

1947
#Realizou-se em Milão, na Itália, o Congresso dos Filósofos Marxistas.

#Ocorreu em Londres a Conferência dos Partidos Comunistas do Império Britânico.

#Em Zurich realizou-se a Conferência Internacional dos Partidos Social-Democratas.

1949
#Realizou-se em Paris o Congresso Internacional Anarquista.

#Ocorreu a Revolução Socialista na China, sob a liderança de Mao Tse-tung.

#É criada a República Democrática Alemã, sob regime comunista.

1951
#Em Frankfurt realizou-se Congresso de Frankfurt da Internacional Socialista. Esse Congresso foi considerado como de reconstituição da Internacional Socialista de 1889 extinta em 1912 em Basiléia.

#Fundação da União Internacional dos Professores Socialistas (UIPS). Seus membros pertenciam às organizações educacionais filiadas à Internacional Socialista.

1954
#Ocorreu a Revolução Socialista no Vietnã do Norte.

1956
Aconteceu em Moscou o XX.º Congresso do PCUS ( Partido Comunista da União Soviética) que marcou oficialmente o fim do estalinismo. Foi nesse Congresso que KRUSCHEV denunciou os chamados "crimes de Stalin".

#Aconteceu a Insurreição na Hungria.

#Ocorreu a Insurreição na Polônia.

1959
#Ocorreu a Revolução Cubana em 10 de janeiro, sob a liderança de Fidel Castro e Ché Guevara.

1961
#É constituída na Nicarágua a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

1975
#É instalado o regime socialista em Angola. Líder do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), Agostinho Neto assume a presidência da nova República Popular.

#É instaurado o regime comunista no Laos, assumindo a presidência do país Kaysone Phomvihan.

#Com a tomada de Phnom Penh pelos guerrilheiros do Khmer Vermelho, é implantado o regime comunista no Camboja.

1976
#Reunificação do Vietnã do Norte e Vietnã do Sul sob regime socialista, passando a constituir a República Socialista do Vietnã.

#Realizou-se em Genebra, o XIII Congresso da Internacional Socialista.

1979
#Vitoriosa a Revolução Sandinista com a tomada de Manágua pelos rebeldes nicaraguenses.

1980
#Realizou-se em Madri entre os dias 13 e 16 de novembro o XV Congresso da Internacional Socialista. A convite, participou do evento representante do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

1981
#Ascensão de Deng Hiao-ping na China, iniciando um programa de mudanças econômicas como ampliação do comércio com o Ocidente, estímulo à propriedade individual camponesa, abertura à instalação de empresas transnacionais no país, incentivo à formação de pequenas empresas privadas (padarias, lojas, oficinas, restaurantes, etc).

1991
#Extinção da URSS e criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI) da qual farão parte a Federação Russa, Turcomênia, Cazaquistão, Ubzequistão, Quirquizie, Tadjiquistã, Armênia, Azerbaidjão, Moldávia, Georgia, Ucrânia e Belarus. Das 15 Repúblicas que formavam a ex-URSS, apenas não aderiram à CEI a Estônia, Letônia e Lituânia.

1992
#Ocorreu em Berlim o XIX Congresso da Internacional Socialista, com a presença de 155 delegações de vários países. Esse Congresso debateu a crise do comunismo, condenou o neoliberalismo e criticou os que defendem intransigentemente o mercado como ele eliminasse todos os problemas da sociedade.

#Realizou-se em Berlim nos dias 12 e 13 de setembro a XV Conferência da Internacional Socialista de Mulheres (ISM).

1993
Ocorreu em Helsinque, na Finlândia, o 39º Congresso da União Internacional dos Professores Socialistas (UIPS).

1996
#Realizou-se em Nova York o XX Congresso da Internacional Socialista.

1998
#Realizou-se nos dias 3 a 5 de maio em Bruxelas, o Seminário Comunista Internacional, organizado pelo Partido do Trabalho da Bélgica. Participaram 78 partidos representando 48 países. Na ocasião foram aprovadas resoluções de apoio e solidariedade aos povos da Coréia, Albânia, Cuba, à luta dos povos da Colômbia, além de resoluções que condenaram a agressão imperialista ao Iraque e a guerra nos Balcãs.

#Ocorreu em Buenos Aires o IV Encontro de Revistas Marxistas Latinoamericanas.

#Em comemoração aos 150 anos da publicação do Manifesto do Partido Comunista, aconteceu em Paris, em maio, o Congresso Internacional de Marxistas.

1999
#Ocorreu em Bruxelas nos dias 2 a 4 de maio o Seminário Comunista Internacional, com a participação 70 representantes de organizações comunistas e revolucionárias de vários países, entre eles Iugoslávia, Bulgária, Grécia, Índia, Turquia, Filipinas, Estados Unidos, Noruega, Argélia, Grã-Bretanha, Rússia, Alemanha, Japão, Cuba, Coréia do Norte, Suécia e Ucrânia. Da América Latina se fizeram representar delegações do Partido de la Liberacion (Argentina), FARC-EP (Colômbia) e MR-8 (Brasil).

#Aconteceu em São Paulo, de 3 a 7 de setembro, o V Encontro de Revistas Marxistas Latinoamericanas, sob o tema central "O Socialismo do Século XXI".

2000
#Realizou-se no Uruguai de 21 a 23 de setembro o VI Encontro de Revistas Marxistas Latinoamericanas. Sob o tema central "O Socialismo do Século XXI", foram discutidas as seguintes unidades temáticas: 
1 - Um balanço necessário: as experiências do socialismo histórico; 
2 - As experiências de luta na América Latina; 
3 - O capitalismo no fim do século: globalização e crises, trocas e continuidades; 
4 - As formas atuais da luta de classes; 
5 - A questão do poder e seus problemas; 
6 - Os sujeitos sociais; 
7 - O pensamento socialista; 
8 - As perspectivas do projeto socialista e a emancipação humana.