sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

‘Teoria das forças produtivas’ é a base do revisionismo do pecedobê



Por Fausto Arruda 


A sigla revisionista pecedobê realizou seu 14º Congresso nos dias 17 a 19 de novembro. O desfile de falsificações e tráfico com a luta proletária e popular dos brasileiros e demais povos se assentou na surrada e embolorada “teoria das forças produtivas”, tantas vezes refutada pelos revolucionários mais consequentes no interior do Movimento Comunista Internacional.




                                                                                                 Charge: Wilmarx


Para tentar engabelar o povo, em sua contrapropaganda eleitoreira o pecedobê adotou o lema “por uma nova independência do Brasil”. Já para o consumo interno de seus militantes, o engodo escolhido foi “Uma nova luta pelo socialismo”. Esse foi o título e conceito trabalhado pelo calejado revisionista, ex-presidente da sigla e atual presidente do Instituto Maurício Grabois, Renato Rabelo.

Ali é despejado um chorume dedicado a demonstrar que a luta pelo socialismo, hoje, longe de passar pela revolução, tem na China imperialista sua vanguarda mundial, mas somente “a partir de 1978”, nas palavras de Rabelo. E o que significa essa data? Foi exatamente quando a restauração capitalista ganhou políticas de Estado intituladas de “reformas”, destinadas a transferir toda economia socialista, então nas mãos do proletariado, para o domínio de uma burguesia ávida, que já havia tomado o Estado através de um golpe após a morte do Presidente Mao Tsetung, o fim da Grande Revolução Cultural Proletária e a prisão dos camaradas mais próximos dele e defensores de sua linha revolucionária. Ou seja, para o pecedobê a destruição do socialismo é o que há de mais avançado no socialismo atualmente. Por tabela, também louva o aprofundamento da condição semicolonial de Vietnã e Cuba.

Tal absurdo se ampara em pretensos “dilemas estruturais” das sociedades socialistas, recorrendo a uma interpretação revisionista da obra de Marx para justificar “a centralidade do desenvolvimento das forças produtivas nas experiências socialistas”. Seguem trechos do discurso de Rabelo:

 “A revolução proletária soviética no século 20 teve que se desenvolver e se consolidar em circunstâncias históricas concretas excepcionais e singulares, das quais resultaram dilemas estruturais, que exigiram soluções históricas inovadoras e heroicas.” (...).

“Esses dilemas estruturais, decisivos para a edificação das sociedades socialistas têm hoje, nas experiências chinesa (desde 1978), vietnamita (desde 1986) e, mais adiante, a cubana (desde 2011), alternativas próprias que vêm conseguindo superar os impasses estruturais e dar materialidade ao socialismo na atual quadra histórica.” (...).

“A República Popular da China foi quem deu os primeiros passos para configuração à transição ao socialismo na época atual, a partir da alternativa consagrada de ‘Reforma e Abertura’, depois de trinta anos de busca e de alternativa. O Vietnã seguiu a alternativa intitulada de ‘Renovação’ que abriu caminho para seu impetuoso desenvolvimento nacional das forças produtivas e avanço e modernização socialistas. E Cuba, mais recentemente, a partir de sistemático debate em toda sociedade traçou os delineamentos da ‘Atualização Socialista’, que imprime novo impulso em sua economia e na sua modernização socialista.”.

“Primeira questão: Quando se volta a Marx, na Crítica ao Programa de Gotha, ele delineia que o socialismo é um extenso período histórico da transição entre o capitalismo e o comunismo, cujo princípio distribuidor da riqueza no socialismo é ‘de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo o seu trabalho’.” (...)

“Assim, pode transcorrer nessa longa transição, a partir do início, a adoção de formas variadas de propriedade, persistência da economia de mercado, sob orientação do Estado socialista, sendo o trabalho a medida da distribuição da renda e da riqueza. É também de Marx a visão esboçada de que a nova sociedade nasce das ‘entranhas da velha sociedade’.”.

“A segunda questão que enriquece o debate é quando vem à superfície o contexto histórico: O socialismo irrompe desde o início do século 20 em sociedades capitalistas relativamente atrasadas ou pré-capitalistas, impondo às forças dirigentes como tarefa primária criar (desenvolver) a riqueza material e não socializar a riqueza material (in)existente – por isso a centralidade do desenvolvimento das forças produtivas nas experiências socialistas.”.

 Com base nesses argumentos, o calejado revisionista encerra o discurso com o que ele pensa ser uma síntese das principais lutas desenvolvidas “de um modo ou de outro” na direção de “um novo socialismo”. Magicamente, para o pecedobê, as principais lutas percorrem o caminho do cretinismo parlamentar, do eleitoralismo e da filiação a projetos de setores da burguesia burocrática traduzidos como “Projetos Nacionais”, de preferência à reboque da China.

“1) Uma luta em meio ao movimento dos trabalhadores e forças avançadas nos países capitalistas mais desenvolvidos contra o desmantelamento do estado de bem estar social, e a retomada de uma estratégia que desvende o caminho para superação do capitalismo;

2) Uma luta crescente pelo avanço de um Projeto Nacional de desenvolvimento nos países na semiperiferia e periferia do sistema capitalista mundial. O mal-estar gerado pela crise da globalização neoliberal evidenciam a emergência da questão nacional, do anti-imperialismo e das causas populares como tendência da luta dos povos.

3) Uma luta no âmbito mundial cuja vanguarda são os países que se empenham na construção socialista contemporânea, capazes de reduzir a desvantagem e o atraso em relação aos países capitalistas, sendo a China a experiência mais desenvolvida.”.

Por acreditar que a luta contra a podre teoria das forças produtivas é sempre atual, visto que ela sempre ressurge com diferentes disfarces, AND reproduz o texto De Bernstein a Liu Chao-chi, um marco na luta contra o revisionismo publicado durante a Grande Revolução Cultural Proletária, na China.


De Bernstein a Liu Chao-chi


Por KAO JUNG


 A “teoria das forças produtivas” é uma tendência ideológica do revisionismo internacional. Segundo esta “teoria”, a revolução socialista é absolutamente impossível em um país onde o capitalismo não está altamente desenvolvido, onde as forças produtivas não alcançaram um alto nível e a economia rural é dispersa e atrasada. Segundo ela, o socialismo se produzirá naturalmente no caso de se permitir que o capitalismo se desenvolva plenamente primeiro e que as forças produtivas se tenham desenvolvido enormemente.

Há mais de meio século, de Bernstein, Kautsky, Trotsky a Chen Tu-siu e Liu Chao-chi, este punhado de renegados do proletariado quiseram fazer esta teoria absurda passar por materialismo histórico, usando-a como argumento teórico para se opor à revolução proletária.

Não foi por acaso que a “teoria das forças produtivas” tenha surgido no fim do século XIX e princípio do século XX. Então, o capitalismo mundial havia se desenvolvido até sua etapa agônica, ou seja, a etapa do imperialismo, na qual a revolução proletária passou para a ordem do dia. Para satisfazer as necessidades dos imperialistas, os revisionistas de velho tipo da II Internacional - Bernstein, Kautsky e Cia. - espalharam esta falácia com a intenção de se opor e estrangular a revolução proletária a partir do seio do movimento operário.

Bernstein foi o primeiro a apresentar esta falácia em 1899, em seu livro As premissas do socialismo e as tarefas da socialdemocracia. Ele sustentou que o capitalismo poderia entrar pacificamente no socialismo à medida que as forças produtivas sociais se desenvolvessem altamente. Portanto, disse, a revolução pela força armada se converteria em pura fraseologia. Declarou arbitrariamente que a vitória do socialismo só podia depender do progresso geral da sociedade, em especial do aumento das riquezas sociais ou do crescimento das forças produtivas sociais, acompanhados do amadurecimento da classe operária em termos de conhecimentos e moralidade. Concluiu: quanto ao sistema capitalista, não se deve destruí-lo, mas fomentar seu desenvolvimento.

O renegado Kautsky tampouco economizou esforços por preconizar a reacionária “teoria das forças produtivas”. Em seu livro O caminho para o poder, escrito em 1909, alegou que apenas onde o modo capitalista de produção estivesse altamente desenvolvido, existia a possibilidade de transformar, mediante o poder estatal, a propriedade capitalista dos meios de produção em propriedade pública.

Lenin empreendeu repetidas e enérgicas lutas contra a reacionária “teoria das forças produtivas” antes e depois da Revolução Socialista de Outubro. Destacou que a vitória da revolução socialista seria conquistada primeiro na Rússia, o elo débil do mundo capitalista. O triunfo da Revolução de Outubro confirmou plenamente a certeza da brilhante conclusão de Lenin.

Depois da vitória da Revolução de Outubro, Kautsky continuou esgrimindo a desgastada arma da “teoria das forças produtivas”. Tornou-se ainda mais desenfreado ao se opor à Revolução de Outubro e a que o povo soviético seguisse o caminho socialista. Fechando os olhos para a realidade, Kautsky inclusive clamou, em 1930, que a revolução que havia ocorrido na Rússia só podia servir para abrir o caminho para o pleno desenvolvimento do capitalismo, e que, apenas quando o capitalismo estivesse altamente desenvolvido seria possível estabelecer uma sociedade socialista.

Portanto, alegou que os países industrializados da Europa Ocidental precederiam inevitavelmente os países europeu-orientais em sua marcha para o socialismo. Também cacarejou que sem um nível educacional relativamente alto nem uma indústria altamente desenvolvida não era possível em absoluto conseguir e manter uma produção agrícola massiva e, por conseguinte, a coletivização agrícola na União Soviética não era mais que um experimento descabido, que encontraria definitivamente o fracasso. Isto queria dizer que devido ao atraso das forças produtivas, o proletariado russo não podia manter em suas mãos o poder que havia tomado, tendo que deixar que a burguesia o dominasse.


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