sábado, 1 de junho de 2019

Emma Goldman


(Hoje na História: 1940 – Morre a anarquista Emma Goldman)


Teve papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo e feminismo na América do Norte


Por Max Altman 


Wikimedia Commons
Emma Goldman, célebre anarquista, de origem judaica, conhecida por seus escritos e manifestos libertários e feministas, pioneira na luta pela emancipação da mulher, morre em Toronto em 14 de maio de 1940.

Ateia comprometida, ela foi uma brilhante aluna na escola primária. Porém, seu pai, um homem violento, negou-lhe permissão para ascender à escola secundária. Durante o período de repressão política que se seguiu ao assassinato do czar Alexandre II, mudou-se aos 13 anos com sua família para São Petersburgo, na Rússia.

Goldman nasceu em junho de 1869 no seio de uma família em Kaunas, Lituânia, que possuía um pequeno hotel. Emigrou para os Estados Unidos ao brigar com seu pai, que queria casá-la aos 15 anos. Trabalhou como operária têxtil e se uniu ao movimento libertário. Contava com 16 anos.

No entanto, o enforcamento de quatro anarquistas em consequência do motim de Haymarket, em 4 de maio de 1886, em Chicago, animou a jovem Emma a juntar-se ao movimento anarquista e converter-se aos 20 anos em uma autêntica revolucionária.

Nessa época casa-se com um imigrante russo. O matrimônio durou apenas 10 meses. Ema se separou e foi viver em Nova York. Todavia, continuou legalmente casada para conservar a cidadania norte-americana.

Em Nova York, convive com Alexander Berkman e chega a ser um pilar fundamental do movimento anarquista dos Estados Unidos. Emma dava conferências em que denunciava as injustiças laborais. Defendeu e foi instigadora de numerosas greves operárias, lutou pela dignidade humana. Emma foi a primeira revolucionária de seu tempo que assumiu a defesa dos homossexuais.

Feminista radical, alçou sua voz para explicar a opressão sofrida pelas mulheres. Pôs ênfase na emancipação econômica da mulher, contudo sua independência deveria surgir dela mesma, negando-se a ter filhos a menos que o desejasse: “a inferioridade econômica e social das mulheres é a responsável pela substituição”. Editou ao lado de Berkman de 1906 a 1917, a revista anarquista mensal "Mãe Terra".

Emma foi presa em 1893 na penitenciária das ilhas Blackwell. Publicamente instigou os operários em greve a: “Pedi trabalho, se não os dão, pedi pão e se não os dão nem pão nem trabalho apreenda o pão do jeito que for.” Esta citação é um resumo do principio da expropriação preconizada pelos anarquistas. Enquanto esteve encarcerada, desenvolveu um profundo interesse pela educação das crianças, empenho em que se envolveu anos mais tarde.

Junto com outras nove pessoas foi novamente presa em 10 de setembro de 1901 por participar no complô pelo assassinato do presidente William McKinley. Uma delas, León Czolgosz, o havia alvejado poucos dias antes.

Em 11 de fevereiro de 1916 é detida e presa de novo pela distribuição de um manifesto em favor da contracepção. Em 1917, e pela quarta vez, é encarcerada junto com Berkman por conspirar contra o serviço militar obrigatório.

Emma tornou públicas suas profundas convicções pacíficas durante a I Guerra Mundial e criticou duramente o conflito por considerá-lo um ato de imperialismo. “Nenhuma guerra se justifica se não é com o propósito de derrocar o sistema capitalista e estabelecer o controle industrial da classe trabalhadora”. Durante a audiência em que se tratou de sua expulsão, J. Edgar Hoover, chefe do FBI, qualificou Emma como “uma das mulheres mais perigosas da América”. “Emma, a Vermelha” foi expulsa dos Estados Unidos em 1920 e deportada para a Rússia.

                                                                     Wikimedia Commons
Emma Goldman fala para o público em Chicago, 1916,
 pouco antes de ser expulsa dos EUA

Residiu na União Soviética com Berkman de 1920 a 1922. Participaram da sublevação anarquista de Kronstadt. Foi a última rebelião contra o domínio soviético. Fervorosa admiradora do regime bolchevique em sua fase inicial, Emma não tardou muito em denunciá-lo. A repressão política, a burocracia e os trabalhos forçados que se seguiram à Revolução Russa contribuíram para mudar as ideias de Goldman sobre a maneira de utilizar a violência, exceção feita à autodefesa.

Foi expulsa do país e, em 1923, se instalou no Canadá. Dessa época datam seus escritos: “Minha Desilusão com a Rússia” e “Minha Posterior Desilusão com a Rússia”. Em 1936, Goldman colaborou com o governo espanhol republicano em Londres e Madri durante a Guerra Civil espanhola.

Emma Goldman morreu em Toronto em 1940. Seus restos encontram-se em Chicago, junto à tumba dos mártires. Em sua sepultura há um epitáfio: “A liberdade não descenderá até o povo, é o povo que deve ascender à liberdade”.


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