terça-feira, 29 de novembro de 2011

BABEUF, Gracchus


François Nöel Babeuf, conhecido como Gracchus Babeuf nasceu em Saint-Quentin, Picardia, em 23 de novembro de 1760. Seu pai, soldado francês que viveu na pobreza, fazia pequenos serviços para garantir o sustento da sua família. 

François começou a trabalhar com 12 anos de idade como pedreiro nas obras do canal da Picardia. Aos 17 conseguiu se empregar como aprendiz de tabelião. Com a morte do seu pai em 1780, Babeuf teve que  trabalhar para sustentar sua mulher, seus dois filhos, sua mãe e seus irmãos. Em 1781, aos 21 anos, começou a exercer a atividade de tabelião por conta própria na cidade de Roye.

As leituras de Rousseau, Mably, Diderot e a constatação das péssimas condições de vida da maioria da população, e que ele mesmo vivenciara,  desenvolveram em Babeuf teorias a favor da igualdade e da coletivização das terras. 

Em 1789, publicou seu primeiro artigo no Caderno dos Eleitores de Roye, exigindo a abolição dos direitos feudais. Em março de 1789 participou da redação do “Cahier de Doleances” dos habitantes de Roye, reivindicações populares a serem levadas para a Assembléia dos Estados Gerais em maio daquele ano. 

Com o inicio da Revolução francesa em maio de 1789, torna-se jornalista correspondente do Correio da Europa, editado em Londres. Preso em maio de 1790 por insurgir-se contra os impostos indiretos (gabelle) do governo revolucionário, é libertado em julho por interferência de Jean Paul Marat.

Em outubro do mesmo ano fundou seu próprio jornal Le Correspondant Picard, fechado alguns meses mais tarde por atacar em suas páginas, a instituição  do voto censitário para ser adotado nas eleições previstas para 1791. Babeuf é novamente preso sendo posto em liberdade depois de alguns meses.

Em 1792 é eleito membro do Comitê Geral do Departamento de Somme, mas pressionado abandona o cargo e vai para Paris em 1793, onde  passa a aliar-se aos jacobinos, entrando para a Commission des subsistances de Paris, onde passa a apoiar as reivindicações dos sans-culottes. 

Em julho de 1794 ocorreu o golpe de Estado contra Robespierre. Em setembro publica o primeiro número do Journal de la Liberte de la presse, alterando em outubro o seu titulo para Le Tribun du Peuple. É por esta ocasião que assume o nome de Gracchus em homenagem a Caio e Tibério Graco, reformadores romanos.

Preso e  libertado por duas vezes no ano de 1795, relança Le Tribun du Peuple no mês de outubro, exatamente no mesmo mês em que o governo autoritário do Diretório é instituído. 
As medidas antipopulares tomadas pelo governo contra-revolucionário que encarecem o custo de vida, aumentando o descontentamento e a miséria da população, permitem Babeuf  redobrar seus ataques à “ordem estabelecida”.

Não se limitando apenas aos ataques pela imprensa, Babeuf reúne em torno de si um grupo de seguidores que se autodenominam Societé des Égaux  (Sociedade dos Iguais), à qual  se juntam remanescentes dos Jacobinos, cujas reuniões aconteciam no Panthéon. 

Em 1795 Babeuf é denunciado à policia por defender abertamente a “insurreição, a revolta e a Constituição de 1793”. Ameaçado, passa a viver na clandestinidade, criando o movimento "Conjuração dos Iguais" dirigida por ele próprio, Darthé, Buonarroti, Sylvain Marechal, Lepeletier, Antoine Antonelle, entre outros. O movimento se espalha por toda Paris, atingindo outras cidades. Cria-se um Diretório Secreto dirigido por Babeuf para coordenar a luta, objetivando continuar a revolução e garantir a coletivização das terras, como fundamental para se chegar à “igualdade perfeita” e  alcançar o “bem comum”. Em 1797, o próprio Napoleão Bonaparte fecha o Clube Panthéon. 

Babeuf assume uma posição cada vez  mais radical: ataques virulentos contra o governo, chamamentos e denúncias em impressos que passam de mão em mão nas ruas de Paris. folhetos que afirmavam que “A natureza deu a todos os homens o direito de gozar de uma parcela igual em todas as propriedades”. 

Um dos agentes do Diretório, Georges Grisel que se infiltrara no grupo de Babeuf o denuncia como responsável por uma conspiração na qual socialistas e jacobinos agiam contra o governo.

Em 10 de maio de 1796, Babeuf foi preso com muitos dos seus companheiros, entre eles Darthé, Bonarroti, Lindet, Marc-Guillaume, Drouet. Tentativas populares de liberta-los fez o governo transferi-los para Vendôme, No dia 20 de fevereiro de 1797 o processo foi aberto contra Babeuf e mais 64 acusados. 

Declarado líder do movimento, Babeuf e mais trinta dos seus companheiros foram condenados à morte. Alguns dos prisioneiros, entre eles Buonarroti foram exilados. Drouet fugiu da prisão e os demais foram absolvidos.

No dia 27 de maio de 1797, Babeuf e trinta dos seus seguidores foram guilhotinados.

Babeuf escreveu “O Cadastro Perpetuo” (1790), além de cartas e artigos em vários jornais da época.


(Dados compilados por Aluizio Moreira)

Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.
PETITFILS, Jean-Christian. Os socialistas utópicos. São Paulo: Circulo do Livro, s/d.

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