sábado, 19 de maio de 2012

BLANQUI, Louis-Auguste


Nasceu no dia 10 de fevereiro de 1805 em Puget-Théniers, Nice, na França. Filho de um membro da Convenção de 1793, desde a idade de 16 anos já participava de associações revolucionárias secretas.

Estudou Medicina e Direito, mas dedicou-se inteiramente à política.

Nos fins de 1829 foi membro da redação do jornal liberal de esquerda "Globe" fundado por Pierre Leroux. Participou de todos os levantes, insurreições, tentativas de golpe que se verificaram na França de 1830 a 1870, com exceção da Comuna de Paris em 1871, pois se encontrava preso no ano de sua eclosão, o que não impediu que os seus seguidores o elegessem presidente da Comuna de Paris.

Na França, após a queda de Napoleão, a monarquia Bourbom é recolocada no poder, que por sua vez foi sucedida por Luis Filipe em 1830 com o apoio da burguesia financeira. Esse quadro se contrapõe aos interesses da burguesia industrial e comercial: seus representantes republicanos se mobilizam contra o governo de Luis Filipe. Insurreições voltam a ocorrer em Paris e Lyon. Formam-se sociedades secretas que abrigavam setores burgueses descontentes, conspiradores e socialistas. Entre esses últimos, Auguste Blanqui  líder  da Sociedade das Estações que em 1839 ocuparia a Prefeitura de Paris.

Segundo Norman Masckenzie, Auguste Blanqui “passou grande parte de sua vida cumprindo penas de prisão e o resto organizando o operariado revolucionário de Paris”.

Considerado “aluno” de Gracchus Babeuf e Philipe Buonarroti, lideres da “Conspiração dos Iguais” ocorrida em 1796, defendia que a classe dos trabalhadores seria a principal força opositora aos capitalistas e aos grandes proprietários rurais, e a eles, trabalhadores, caberia, sob a liderança de um grupo disciplinado de revolucionários profissionais, tomar o poder.

Foi membro da sociedade secreta conhecida como "Sociedade dos Amigos do Povo", criou outras ( "Sociedade das Famílias", "Sociedade das Estações", "Sociedade Central Republicana"), fundou os jornais "La Patrie en Danger" (1870) e "Ni Dieu ni Maître" (1879), defendendo sempre posições revolucionárias. 

Preso durante grande parte de sua vida (1832, 1834, 1836, 1839, 1849, 1861, 1870) que soma um total de 33 anos, chegou a ser condenado à prisão perpétua e à pena de morte (por duas vezes).

Sua primeira prisão leva-o ao Tribunal do Sena, cuja audiência acontece nos dias 10, 11 e 12 de janeiro de 1832, sob a presidência de Jacquinot-Godard, sob a acusação de "alterar a paz pública" com seus pronunciamentos. Blanqui se defende, dirigindo-se aos jurados,  nos seguintes termos:
Acusam-me de ter dito a trinta milhões de franceses, proletários como eu, que tinham o direito de viver. Se isto é um delito, creio que, pelo menos, deveria responder por ele, diante de homens que não fossem ao mesmo tempo juizes e parte na mesma causa. (...) Contudo, dado que é meu dever de proletário, privado de todos os seus  direitos civis, rejeitar como ilegítima a competência de um tribunal no qual se sentam apenas os privilegiados, os quais não são de modo algum os meus iguais, (...)
Blanqui se autoproclamava comunista. Afirmava que o comunismo não poderia se estabelecer a não ser por etapas, à medida que o povo fosse sendo preparado por um sistema educativo implantado num período transitório de ditadura revolucionária, exercida esta por associações urbanas e rurais, até que se tornasse desnecessário qualquer forma de Estado.

Ao invés de um partido de massa, acreditava que a tomada do poder só poderia acontecer através de um golpe de Estado promovido por uma minoria consciente de revolucionários disciplinados, cabendo a esse grupo orientar os trabalhadores organizados em suas associações, conduzindo-os pelo caminho da revolução, implantando a ditadura que construiria a base da nova sociedade comunista. Esta tática revolucionária passou a ser denominada, entre socialistas e comunistas, como blanquismo. Quanto à questão de como seria organizada essa sociedade comunista, Blanqui se recusava a descrever ou demonstrar antecipadamente, porque segundo ele, depois da revolução a nova sociedade dependeria da vontade do povo.

Fazia muitas críticas às tendências socialistas que defendiam a via parlamentar como caminho da revolução. Contra as idéias dos utopistas que consideravam que se deveria investir na educação como elemento da mudança da mentalidade, Blanqui afirmava que era impossível criar esse novo homem pela educação, enquanto ela fosse praticada sob a velha sociedade, pois só com o advento da nova ordem social é que se forjaria o homem novo.

Louis-Auguste Blanqui faleceu em 1º de janeiro de 1881, dias depois de ter sofrido um ataque de apoplexia quando fazia um discurso num comício  em Paris.

Blanqui não nos deixando qualquer obra sistematizada. Vários artigos escritos que saíram no jornal "La Patrie en Danger" foram organizados em livro sob o título "La Critique Sociale" publicado em 1883, após sua morte, portanto.
  
Entre suas contribuições espalhadas em vários folhetos, artigos, manifestos e ensaios, citam-se: "Carte a Maillard" (1852), "Logique" (1855), "De la Connaissance de l'ame" (1857), "Le Communisme l'avenir de la Société" (1869), "L'eternité par les astres" (1872), "L'armée esclave et opprimée" (1880).


(Dados compilados por Aluizio Moreira)


Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.
PETITFILS, Jean-Christian. Os socialistas utópicos. São Paulo: Circulo do Livro, s/d.

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