domingo, 7 de setembro de 2014

Mitos acerca do Marxismo



Nas duas últimas décadas, temos testemunhado uma barragem propagandística contra o Marxismo e sua herança revolucionária. Desde o colapso do stalinismo - não do socialismo, mas de sua deformada caricatura do Marxismo - de uma ponta a outra das correntes mais influentes da mídia, de universidades, de professores e historiadores na tentativa de desacreditar o Marxismo. Examinamos a seguir os mitos mais comuns em torno do Marxismo e do Socialismo.


Pela Marxist Student Federation


A democracia e o socialismo são incompatíveis?

Os regimes stalinistas na União Soviética, na Europa do leste, na China e em toda parte são um recurso comum de que se lança mão para atacar o Marxismo. Muitas das concepções errôneas acerca do Marxismo de pronto podem ser ligadas claramente ao estabelecimento do primeiro governo operário do mundo - o poder bolchevique. A Revolução de Outubro de 1917 é descrita meramente como um "golpe de estado" e nada se poupa para equiparar o Marxismo aos crimes de Stalin.

Não se pode negar que os regimes stalinistas formavam uma enorme casta burocrática no topo da sociedade e que sob eles havia a ausência dos direitos democráticos básicos. A tais exemplos se recorre para "provar" que socialismo e democracia se tornaram inteiramente incompatíveis.

Um estudo da Revolução Russa revela, no entanto, uma sociedade florescente após o fim da revolução: a descriminalização do homossexualismo e do aborto; introdução da assistência à saúde e à educação; uma economia crescente capaz de saltos gigantescos no campo da ciência e da cultura.

Muitas das conquistas da Revolução perderam-se sob o domínio de Stalin, Contudo o processo degenerativo em direção ao regime totalitário não foi a expressão de um resultado inevitável do Marxismo - como a classe capitalista e seus porta-vozes querem fazer-nos acreditar - mas resultou da tentativa de construir uma sociedade socialista num país isolado e economicamente atrasado, como exposto na seção "Stalinismo" noutra parte na edição desta revista.

Nós também devemos dar uma olhadela no que aparece como democracia sob o capitalismo. Olhando ao redor do mundo hoje, onde - sem considerar a crise econômica e a austeridade generalizadas - veremos os ricos tornarem-se cada vez mais ricos, a demonstrar meridianamente que essa sociedade e sua economia são administradas em favor de uma insignificante minoria: banqueiros, industriais, financistas - i.e.. a classe capitalista. Esse 1%, possuidor e controlador das principais alavancas da economia, é exatamente a quem na realidade cabe a palavra final quanto às maiores decisões no seio da sociedade. Para a esmagadora maioria da sociedade - 99% - resta pouquíssimo poder de influenciá-la.

Neste sentido, pode-se descrever o capitalismo como uma ditadura do capital. Isso não nega a forma democrática que seus governantes assumem, com parlamentos eleitos, liberdade de expressão etc., mas comprova que o estado nesses países existe para perpetuar um conjunto de relações de poder e propriedade. É por demais simples: o estado na sociedade capitalista existe para manter o capitalismo e os privilégios da classe capitalista.

Podemos observar esse fato da forma mais evidente possível na Europa, onde governos eleitos são postos de lado e substituídos por tecnocratas não eleitos, impostos pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu, tudo em nome do chamado "interesse nacional" i.e., os mercados de capitais e os grandes investidores. A austeridade imposta a países como a Grécia e a Espanha geraram horrores para a vida real de seus povos, equivalentes a algumas das piores ditaduras da história, enquanto bilhões permanecem ociosos em contas bancárias das maiores empresas, que não se dispõem a investir porque não gerariam os lucros desejados.

Opondo-se a esta ditadura do capital, Marx e Lenine falavam de uma "ditadura do proletariado": na essência, uma sociedade onde a classe dirigente é a classe trabalhadora, isto é, os que sob o capitalismo dependem de salário para sobreviver. Numa sociedade socialista, a economia seria administrada não em busca de lucros para uma pequenina minoria, mas em proveito das necessidades da vasta maioria, observado um plano racional e democrático de produção, de preferência a votar pela eleição de políticos ano após ano. Em seu lugar, pessoas comuns teriam voz nos assuntos cotidianos da sociedade.

A experiência da Rússia levou muitos a ver o Marxismo, o Comunismo e o Socialismo como equivalentes a ditaduras e ideias inerentes e opostas à democracia. Isso seria um erro evidente. Os marxistas são os maiores lutadores na luta pelos direitos democráticos, ferramentas vitais na luta por melhores condições de vida. O direito à livre associação e reunião permite que os trabalhadores formem sindicatos e partidos políticos através dos quais o povo se organize. O direito à livre manifestação do pensamento permite que os revolucionários agitem ideias e programas radicais para a transformação da sociedade. Todos estes direitos constituem conquistas dos trabalhadores através de lutas e nunca foram concessões de `bondosas´ classes dominantes.


Tradução: Odon Porto de Almeida

FONTE: Controvérsia

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