segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Politica em ritmo de eleição: entre “avanços” e “recuos”, quem perde e quem ganha



Por Aluizio Moreira


A agressividade que se tem verificado nos meios de comunicação, entre os adeptos dos três primeiros colocados na corrida para a presidência da república, chega a beirar o absurdo. Por vezes chega a evidenciar um fanatismo de tal monta, como se a escolha de um dos candidatos e não do outro, fosse uma questão de vida ou morte. E isto entre eleitores que fazem parte de uma elite “pensante”, sobretudo no meio acadêmico, que se autoconsidera de esquerda.

Fala-se em retrocesso, se se defende tal candidato ou candidata de determinado partido, em avançar mais se se apoia tal candidato ou candidata de outro partido. Resta definir qual retrocesso e qual avanço. Retrocesso ou avanço não deixa de ser mudança, para frente ou para trás.

Mas na verdade o que deveria motivar o eleitor (me dirijo ao intelectual formador de opinião que se considera de esquerda) numa eleição seja minoritária ou majoritária, seria a questão da contribuição que essa eleição traria para a organização popular, objetivando a implantação da real transformação da sociedade.  Isto porque não entendo ser de esquerda, aquele que simplesmente, e comodamente, defende o status quo, apostando na humanização de um sistema, que jamais poderá ser humanizado.

É claro que a eleição, por si só, não transforma alguma coisa, como pensava (e ainda pensa) a tendência bernsteniana que apostava (e ainda aposta) na transformação da sociedade pela via parlamentar. Ou o povo toma em suas mãos a tarefa de transformar, ou tudo permanecerá como tem sido até hoje: mudamos as pessoas no poder, mas em sua essência, a sociedade continua a mesma. 

Ou seja, ajudamos a perpetuar a sociedade capitalista, cuja lógica de sua reprodução repousa na apropriação e concentração da riqueza por uma ínfima parcela da população, na manutenção do sistema cuja base é a propriedade privada dos meios de produção, na conservação do lucro como forma de realização do capital.

Os “avanços” que muitos apregoam como prova insofismável das mudanças, apenas “mudaram” situações; podem até ter melhorado os ganhos salariais, ou o aumento do número de pessoas que ingressam nas universidades, uma maior “fartura” na mesa do trabalhador. Ganhos salariais que no primeiro dia de sua vigência, já estão corroídos pelos aumentos dos preços das mercadorias; ingressam nos cursos superiores, assinando um contrato de financiamento com instituições bancárias; matam a fome com alimentos cultivados com agrotóxicos e geneticamente modificados. (Em relação aos alimentos, enquanto a China, EUA, França, Alemanha, Sri Lanka, entre outros, adotam medidas contra o uso de agrotóxicos e transgênicos, o governo brasileiro financia empresas que investem neste tipo de negócios).

Evidente que a politica, está presente em” todos os aspectos da vida humana” como salientou Reinaldo Dias na sua obra Ciência politica (2013, p.6-7), e diz respeito a questões tão diversas como a inclusão social dos indivíduos, a melhoria da qualidade de vida da população, a participação do povo nas decisões  que afetam a coletividade, a biodiversidade, embora em nossa sociedade, a população seja induzida ideologicamente pela classe hegemônica (no poder ou fora dele), a relacionar a politica apenas com o ato de votar periodicamente. Mas não devemos esquecer também, que a politica implica em relação de poder, poder este que é constituído por uma diversidade de instituições burocráticas, administrativas e repressivas, que se concentra no Estado, como detentor desse poder numa sociedade de classes.

Na verdade, o poder politico representa determinados interesses de determinada classe social, que para manter sua hegemonia como classe, necessita da legitimação de todo povo, através das eleições parlamentares.

As divergências que se apresentam numa disputa eleitoral na sociedade capitalista como a nossa, são divergências de grupos  que se assenhoreiam ou procuram assenhorear-se do poder, a fim de assegurar/ampliar a defesa de seus interesses/compromissos de classe. Os parlamentares não deixam de ser seus representantes, por mais que afirmem que defendem os interesses do povo. 

Com maiores ou menores conflitos, as falsas contradições entre as diversas tendências neoliberais, são apresentadas sob o manto da politica do “avançar mais”, da “nova politica”, do “fazer diferente”.



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