sábado, 4 de janeiro de 2014

LÊNIN, Vladimir Ilitch Ulyanov


Vladimir Ilitch Ulyanov, revolucionário e teórico do marxismo, nasceu a 10 de abril de 1870 na pequena cidade russa de Simbirsk (depois Ulyanovsk). Seu pai, Ilya Ulyanov, funcionário do governo, era inspetor das escolas da província e sua mãe, Maria Alexandrovna Ulyanova, professora na mesma província de Simbirsk.

Terceiro dos sete filhos do casal Ulyanov, Lenin assistiu às prisões de seus dois irmãos mais velhos (Anna e Alexandre) por suas atividades políticas que culminaria com um atentado com participação de seu irmão, contra o czar Alexandre III. Por este ato, Alexandre Ulyanov foi condenado à morte e executado em maio de 1887.

Neste mesmo ano Lênin inicia seus estudos de Direito na Universidade de Kazan, onde sua participação em atividades políticas, termina provocando sua expulsão da Instituição.
  
No inicio da década de 1890 formou um grupo marxista em São Petersburgo (depois Petrogrado), integrando-se às atividades revolucionárias, ocasião em que conheceu Nadejda Krupskaya que viria a ser sua esposa.

Em 1891 submeteu-se aos exames na Universidade de São Petersburgo, formando-se  em Direito, passando a exercer a advocacia durante poucos meses na cidade de Samara, sobretudo na defesa de camponeses em litígios com os grandes proprietários de terra.
  
Familia Ulyanov
Muda-se em 1893 para São Petersburgo, onde adere ao marxismo, passando a fazer trabalhos de propaganda e doutrinamento, realizando várias tarefas políticas e partidárias junto ao grupo “Libertação do Trabalho”, organização da qual participavam Plekhanov, Axerold e  Zassoulich. 

Por esta ocasião escreveu seu primeiro panfleto politico “Quem são os amigos do povo e como eles lutam contra os social-democratas”(1), que circulou clandestinamente, fruto de suas atividades em Samara.

Em 1895, fundou a Liga da Luta pela Emancipação da Classe Operária, consolidando a formação de grupos marxistas na cidade. Como um partido revolucionário embrionário, a Liga foi ativa entre as organizações russas de trabalho. Em 7 de dezembro de 1895, Lênin foi preso por conspirar contra o czar Alexandre III, ficando em reclusão durante 14 meses.

Em fevereiro de 1897, ele foi exilado para o leste da Sibéria oriental, casando-se no ano seguinte com  a militante socialista Nadezhda Konstantinovna Krupskaya.

Em abril de 1899, publicou o livro "O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia", sob o pseudônimo de Vladimir Ilyin; um dos trinta trabalhos teóricos que ele escreveu no exílio.

Terminado o seu exílio em 1900, Lênin vai para a Suíça onde se encontra com Plekhanov com quem funda o jornal “Iskra”, que recebe em 1902 mais um  redator, Leon Trotsky, que Lênin encontrara numa viagem que fez a Londres.

Em 1903 no II Congresso do Partido Social-Democrata realizado em Bruxelas e Londres, surge uma cisão no seio do Partido que leva à formação de duas tendências opostas: bolcheviques (sob a liderança de Lênin) e mencheviques (liderada por Julius Martov).

Discursando em praça pública
Em 1905, os movimentos grevistas que espalham por em Moscou, terminam em violento massacre pelas forças czaristas contra os operários (Domingo Sangrento). Em novembro do mesmo ano, Lênin retorna a Rússia passando a apoiar a greve geral deflagrada em Moscou. As perseguições políticas obrigam Lênin a deixar mais uma vez a Rússia, fugindo em dezembro de 1907 para a Finlândia, passando a maior parte do tempo residindo em Genebra e Paris.

Durante a Primeira Guerra Mundial no ano de 1917, deflagrou-se nova insurreição popular em São Petersburgo, que culmina com a deposição  do czar Nicolau II formando-se um Governo Provisório de tendência liberal, com o consentimento do soviete (assembléia de deputados operários) de Petrogrado, composto majoritariamente de mencheviques.

A concessão pelo Governo Provisório de uma anistia geral, permitiria a volta de Lênin à Rússia.  Como se encontrava em Zurique, o caminho de volta se daria via França ou Inglaterra, que criara dificuldades, presume-se, pela proposta assumida por Lênin de pressionar seu país para se retirar do conflito,  pois isso significava que os aliados iriam perder uma frente de combate, favorecendo o Kaiser. Talvez também por isso, o governo alemão permite Lênin chegar à Rússia atravessando a Alemanha. Finalmente V.I.Lênin chegou ao seu país em 16 de abril de 1917.

O crescente enfraquecimento do Governo Provisório,  agora encabeçado por Aleksandr Kerenski que substituíra Lvov em julho de 1917,  favoreceu a ascensão dos bolcheviques sob o seu lema: "paz, terra e pão"  e, após conseguiram a maioria no soviete de Petrogrado, em setembro, decidiram tomar o poder. A revolução consumou-se com a derrubada de Kerenski e a reunião do Congresso Pan-Russo dos Sovietes que criou um Conselho de Comissários do Povo presidido por Lênin e com Trotsky assumindo as Relações Exteriores. Era 7 de novembro de 1917.

A partir daí,  as Histórias da recém criada União Soviética e do Movimento Comunista Internacional  estarão ligados ao nome de Lênin: a fundação em da III Internacional (1919), o enfrentamento das agressões internas e externas contra o novo regime (1918-1920), a instauração da Nova Política Econômica (1921), criação da URSS (1922).

Em maio de 1922, Lênin sofre o primeiro ataque de hemorragia cerebral com a paralisia do lado direito do corpo e dificuldade de fala. Em outubro voltou a trabalhar novamente. Em 9 de março de 1923 teve um novo ataque mais violento, viveu oito meses inválido e faleceu em 21 de janeiro de 1924.

Dentre o grande número de obras escritas por Lênin (ao todo são 33 volumes sem incluir suas correspondências) salientamos: “O Desenvolvimento do capitalismo na Rússia” (1899); “Que fazer?” (1902); “Um passo em frente, dois passos atrás” (1904); “Duas táticas da social-democracia na Revolução Democrática” (1905); “Materialismo e empiriocriticismo” (1909); “Sobre o Direito das nações à autodeterminação”(1914); “Imperialismo, etapa superior do capitalismo” (1917); “O Estado e a Revolução” (1918); “A doença infantil do 'esquerdismo' no comunismo” (1920).

Nota:
(1) É necessário lembrar que a partir da II Internacional (1889-1914) social-democracia passou a significar tendência conciliadora, reformista, dentro do movimento socialista internacional. (Ver nossa postagem em 08/06/2012).


(Dados compilados por Aluizio Moreira)



Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.

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