terça-feira, 27 de dezembro de 2011

OWEN, Robert

Robert Owen, ao lado de Saint-Simon e Fourier, é considerado socialista utópico e ao mesmo tempo, principal representante do socialismo inglês da primeira metade do século XIX.

A formação e evolução de seu pensamento político e social, estão estreitamente ligadas às suas atividades práticas.

Jean-Christian Petitfils em sua obra "Os Socialismo Utópicos", identifica três etapas na vida de Owen: a primeira, quando se tornou empresário e filântropo; a segunda de 1817 a 1829, quando adere ao socialismo associacionista e cooperativo; a terceira, de 1830 a 1834, quando inicia sua militância no movimento operário inglês.

Nasceu em 1771, em Newton, País de Gales, descendente de uma família pobre. Seu pai foi ferreiro e encarregado de correio. De empregado no comércio em Londres e Manchester, chegou a ser diretor de uma fábrica nesta última, e daí proprietário de uma empresa têxtil em New Lanark, na Escócia.

Como proprietário de fábrica pôde por em prática suas idéias reformistas, sempre no sentido de melhorar a vida dos trabalhadores e seus familiares: abriu escolas para os filhos de trabalhadores, não admitia o trabalho de menores de 10 anos (prática muito comum na Inglaterra naquela época), adotou uma jornada de trabalho de 10 horas e meia ( quando o normal era de 15, 16 horas), criou uma cooperativa, vendendo a preços baixos alimentação e vestuário, fundou caixas de previdência para assistência médica e amparo à velhice.

Depois do fracasso de sua empresa, Owen começou a abandonar as idéias filantrópicas e aproximou-se das idéias comunistas, admitindo que a propriedade privada era um absurdo, uma irracionalidade. Começou a questionar o fato do trabalho humano produzir riquezas e os trabalhadores que as produziam não terem acesso a essas riquezas. Dessas e outras questões, nasceu a idéia da criação de comunidades igualitárias, que tenta por em prática com a fundação, na América do Norte, da comunidade "New Harmony".

Com base no ideal comunista, na qual o lema seria "de cada um segundo seu trabalho, a cada um segundo suas necessidades", considerou que todos os membros da comunidade seriam considerados como parte de uma imensa e mesma família, na qual todos teriam direito à alimentação, ao vestuário, à educação, à moradia. É verdade que antes mesmo de Owen conceber e por em prática seus planos criação de comunidades "comunistas" , muitas foram criadas por leigos e religiosos. Mas a grande diferença é que para Owen, tratava-se da instituição de uma nova ordem social que abrangesse toda a sociedade humana, e não apenas comunidades igualitárias restritas a alguns grupos como as orientadas pelo fourierismo e por diversas seitas religiosas.

Com o fracasso de sua experiência em New Harmony e de volta à Inglaterra, se aproximou das associações de artesãos e adere ao movimento sindical ao qual se dedica até 1834, com 64 anos de idade, quando então se afasta da militância sindical. Mas o seu afastamento da luta operária, não significará o fim de sua atividade. Fixando-se em Londres, viaja constantemente pronunciando conferências e escrevendo para jornais. Tentou ainda fundar em Queenwood, em Hampshire, uma aldeia comunitária que também fracassa como fracassara New Harmony.

Em 1848, por ocasião das revoluções burguesas que eclodiram em quase toda Europa, Owen deslocou-se para Paris a fim de acompanhar os acontecimentos políticos.

Sobre Robert Owen, Friedrich Engels ("Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico") deixou o seguinte comentário":
Todos os movimentos sociais, todos os progressos reais registrados na Inglaterra em interesse da classe trabalhadora, estão ligados ao nome de Owen. Assim, em 1819, depois de cinco anos de grandes esforços, conseguiu que fosse votada a primeira lei limitando o trabalho da mulher e das crianças nas fábricas. Foi ele que presidiu o primeiro congresso em que as TRADE-UNIONS de toda a Inglaterra fundiram-se numa grande organização sindical única. E foi também ele quem criou, como medidas de transição, para que a sociedade pudesse organizar-se de maneira integralmente comunista, de um lado, as cooperativas de consumo e de produção - que serviram, pelo menos, para demonstrar na prática que o comerciante e o fabricante não são indispensáveis - e por outro lado, os mercados operários, estabelecimentos de troca dos produtos do trabalho por meio de bônus de trabalho e cuja unidade é a hora de trabalho produzido;  (...)
Owen faleceu em 1858 com 87 anos de idade, um dia após ter pronunciado um discurso num congresso operário.

Dentre suas obras escritas, são as mais marcantes: "Nova Visão da Sociedade" (1813-1814), "Relatório do Condado de Lanark" (1815-1821), "Livro do Novo Mundo Moral" (1836), "Autobiografia" (1857).


(Dados compilados por Aluizio Moreira)

Fontes:
Arquivo Marxista na Internet
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular,2006.
BRAVO, Gian Mario. Historia do socialismo. Lisboa:Europa-America, 1977, 3 vols.
COLE, G.D.H. Historia del pensamiento socialista.Mexico:Fondo de Cultura, 1957-1960, 7 vols.
DROZ, Jacques (Dir). Historia geral do socialismo. Lisboa: Horizonte, 1972-1977, 9 vols.
HOFMANN, Werner. A historia do pensamento do movimento social dos séculos 19 e 20. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1984.
PETITFILS, Jean-Christian. Os socialistas utópicos. São Paulo: Circulo do Livro, s/d.

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