quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Partido revolucionário sem prática revolucionária?

Por Aluizio Moreira




Muito se tem discutido acerca do socialismo do século XXI: novas táticas; novas estratégias; revisão de princípios; exclusão dos programas dos partidos de qualquer referência ao comunismo ou ao socialismo; mudanças dos nomes dos partidos; e por aí vai.

Embora a tendência social-democrática que sempre apostou na via parlamentar nunca tenha deixado de existir, mas em desvantagens em relação ao comunismo prevalecente que pregava o assalto ao poder pelos trabalhadores, parece-nos que a prática que marcou as diversas formas de luta revolucionária, nos séculos XIX/XX, arrefeceu, e muito.

Por outro lado, faz parte da memória revolucionária, o tempo em que ser revolucionário era um misto de homem de pensamento e homem de ação, antes que as questões do socialismo e do comunismo se transformassem em discussões para temas de trabalhos acadêmicos.

Na verdade continuamos a “interpretar o mundo de várias maneiras”.

Os partidos comunistas (salvo raríssimas exceções) entraram no esquema da prática eleitoral comum a todos os partidos burgueses, disputando número de parlamentares no legislativo e funções ministeriais no executivo, como se isso pudesse, como consequência, contribuir  para transformar a sociedade capitalista em sociedade socialista. Ou talvez nem mais defendam qualquer ação transformadora. Assume-se uma posição verdadeiramente reformista ou até mesmo conservadora.

Evidente que participar da vida parlamentar pode trazer algumas contribuições mais imediatas como interferir na política orçamentária em favor da saúde e educação, barrar projetos que firam os interesses dos trabalhadores e/ou das minorias, denunciar as grandes negociatas envolvendo as empresas monopolistas internacionais, defender a soberania nacional ante a intromissão de outros países e, sobretudo defender as conquistas dos trabalhadores conseguidas com muitas lutas. 

É fundamental que paralelamente a esses posicionamentos na vida parlamentar ou ministerial, o partido desenvolva uma prática junto aos trabalhadores urbanos e rurais, junto aos excluídos, ou seja, junto ao povo, no sentido de sua organização e sua formação política. 

O que não se pode é perder de vista que o partido que assumir/participar  do poder num pais capitalista, por mais radical de esquerda que seja esse partido, implica desenvolver um conjunto de ações que sirva de gerenciamento do capital, reproduzindo-o enquanto sistema.

Aliás, sobre a questão parlamentar gostaríamos de deixar registrado o pensamento de Rosa Luxemburgo no artigo “Questões de organização da socialdemocracia russa” escrito em 1904.

...o parlamentarismo é o viveiro especifico da atual corrente oportunista no movimento socialista da Europa Ocidental, dele provêm igualmente as tendências particulares do oportunismo para a desorganização. O parlamentarismo não apenas mantém todas as notórias ilusões do atual oportunismo, tais como as conhecemos na França, Itália e Alemanha: a supervalorização do trabalho de reformas, a colaboração das classes e dos partidos, o desenvolvimento pacifico etc.

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